Leituras
ao Vento - 38° Relatório
Dia
18/12/2011
SOPRANDO
HISTÓRIAS ESPECIAL POESIA COM HELOÍZA SACCO E GUTO STRESSER
E chegamos ao último Leituras ao Vento de
2011!
Um sol belíssimo nos saudou nessa nossa
despedida do ano. E terminamos nossas visitas à Praça com um evento inédito no
Projeto, que vem acrescentar uma pitada de ousadia no nosso tempero literário.
Tudo começou com nossa visita a
Ivaiporã, acompanhando o Programa UEM na Região, da PEC – Pró-Reitoria de
Extensão e Cultura da Universidade Estadual de Maringá. Na ocasião visitamos
uma escola, e lá conhecemos Clara, uma adolescente de 15 anos inteligente,
elétrica, e que se orgulha de uma vida ocupada em que ajuda a mãe nos afazeres
profissionais. Conversei com Clara sobre blogs, literatura e arte, e, conversa
vai conversa vem, começamos a falar de escrever livros e de ilustração, e ela
nos falou de um amigo ilustrador, Guto Stresser, 16 anos, adolescente como ela,
que poderia conversar comigo sobre as minhas pretensões de publicar, com
ilustrações, um livro infantil que eu e Maristela havíamos escrito. Isso foi no
primeiro dia da visita a Ivaiporã, programada para dois dias. No segundo dia
Guto veio me visitar, trazendo um livro que estava lançando com a poetisa
Heloíza Sacco, em que participava fazendo a introdução e as ilustrações.
E foi assim que conheci uma das figuras
humanas mais interessantes desde meu retorno ao Paraná. Os traços coloridos,
suaves, góticos, cheios de um lirismo medieval, me diziam que eu estava diante
de um artista de grande qualidade, e que, além disso, exibia uma maturidade e
um vigor que fariam inveja a muita gente com experiência acumulada na vida.
Também naquele mesmo dia comecei a
conhecer a arte de Heloíza Sacco, uma assistente social com uma filha linda e
um universo inteiro de sensibilidade a flor da pele para falar dos desenganos
do amor, sem lamúrias, mas feito viajante em mares interiores, que encontra a
si mesma um pouco mais em cada porto. Seu livro, “O que os olhos não veem”, é
uma coletânea de poemas e textos em finíssima prosa poética, exemplo daqueles
poucos autores que tem a coragem e a sinceridade necessárias para falar de si,
sim. O livro é um lento navegar pelas paisagens do cotidiano, do passado que se
faz presente nas pequenas coisas, no jogo de paixão e convivência que tornam
suaves as memórias doloridas, se bem que igualmente intensas.
Como Guto e Heloíza estavam lançando o
seu livro em Ivaiporã, levei a Maristela a ideia de fazermos esse lançamento
também em Maringá, no espaço do Leituras ao Vento e, talvez, da Biblioteca
Pública de Maringá. Entramos em contato com a Biblioteca Pública e solicitamos
o espaço, e também acertamos de colocar em nossa agenda uma apresentação na
Praça, feito sarau de poesia com a participação do Clube de Leitura Maringá,
que é o clube de leitura adulto da Biblioteca Pública.
Nossos contatos evoluíram, e
conseguimos inserir o lançamento no Recital de Final de Ano do Projeto Poesia
para Adolescentes da Biblioteca Pública de Maringá. O lançamento aconteceu no
dia 16 no Auditório Helio Moreira, como um evento paralelo ao evento principal,
em que conseguimos, com a ajuda de Márcia, gerente de leitura da Biblioteca –
contadora de histórias que já esteve no “Soprando Histórias” por duas vezes -,
Geni, coordenadora do clube de leitura adulto, e da equipe da biblioteca, um
pequeno espaço para uma mesa – onde Heloíza recebeu os convidados do evento -,
um baú para a acomodação dos livros e um trecho da parede contígua para a
exibição de alguns originais de Guto Stresser. Foi o que bastou para que, à
saída do evento principal – maravilhoso recital de poesia com premiação para
jovens e adultos que participaram das oficinas de poesia da Biblioteca durante
o ano – uma pequena multidão cercasse a mesa de Heloíza, querendo conhecê-la,
ler seus poemas, comprar seu livro, receber um autógrafo. A mesa, decorada com um vaso de flores e
pétalas de rosas, ficou cercada também de muito carinho, e iluminada pelo
sorriso franco e pelo coração confiante de Heloíza Sacco.
Enquanto rolava o singelo coquetel
oferecido pela Biblioteca, com salgadinhos e refrigerantes, muita conversa
animada e algumas presenças ilustres: empresários, promotores de cultura,
membros da Academia de Letras de Maringá e do Clube de Leitura Maringá, além de
um público carinhoso e amante das letras.
Dois dias depois, nesse domingo ensolarado,
o sucesso se repetiu. Alguns membros do Clube de Leitura Maringá atenderam o
nosso pedido e comparecerem para participar da leitura dos poemas de Heloíza.
Também estavam presentes, além de Heloíza e sua filha Marina, de 9 anos – bela
e suave como a mãe - e Guto Stresser, Clara – que nos apresentou Guto, como
relatamos acima – Bia, Bruna, Adah e, é claro, o nosso querido público do
Leituras.
Desta vez, chamamos o nosso momento de
leitura de “Soprando Poemas”, e organizamos os participantes em círculo, dando
uma sequência determinada à leitura, de modo que pudéssemos degustar aos poucos
o lirismo de sua poesia, terminando na intensidade da prosa poética. Funcionou
perfeitamente, e a leitura se encerrou com um poema lido por Heloíza, composto
para sua filha Marina. Tudo lindo e perfeito.
Nossos agradecimentos a Guto e Heloíza,
por se deslocarem por conta própria de Ivaiporã até Maringá para brindar os
maringaenses com a força da sua arte. Agradecimentos também ao nosso amigo e
colaborador Álvaro, do MNMMR e do blog Infância em Pauta, aos membros do Clube
de Leitura – professor Raymundo, Hilda, e também a Clara, Bia, Bruna e Adah,
por sua simpatia e amor pela leitura, que dão brilho a qualquer evento.
Ao final do “Soprando Poemas” eu fiz a
leitura do nosso discurso de encerramento do ano do Leituras ao Vento em 2011,
que, a guisa de despedida, publicamos no blog e eu transcrevo abaixo:
DISCURSO DE ENCERRAMENTO DA TEMPORADA 2011
DO
PROJETO LEITURAS AO VENTO
NA PRAÇA
DA CATEDRAL DE MARINGÁ
A exatos
nove meses e doze dias, eu, Maristela e Adah viemos a esta praça, exatamente
como fazíamos já alguns domingos antes, residindo a poucos meses na cidade,
ainda sem muitos amigos chegados, daqueles que habitam a casa da gente. Aqui,
como já de costume, Maristela leu um de seus livros de pedagogia, enquanto eu e
Adah brincávamos de bola no gramado.
Desde
agosto do ano anterior, quando as duas chegaram , buscamos a Biblioteca Pública
e nos integramos às atividades ali realizadas: os Clubes de Leitura, os cursos de
desenho e pintura, as oficinas de poesia. No Clube de Leitura adulto conhecemos
um simpático grupo de intelectuais, seleto, cada um com um jeito de viver e de
ganhar a vida, que passaram a fazer parte das nossas amizades mais fortes e com
eles exploramos ideias, sentimentos, nossas casas e a intensa vida cultural de
Maringá.
Já com os
olhos e o coração banhados pela leitura, ainda no início dessa história,
Maristela teve a ideia de disponibilizar sua coleção de livros infantis,
reunida por amor à literatura e zelo profissional, às crianças e jovens da
cidade, ali mesmo, no espaço da praça.
No
domingo seguinte, 13 de março de 2011, nascia o Projeto Leituras ao Vento, com
um acervo de cerca de cem livros infantis e juvenis, um bauzinho de vime em que
Adah costumava guardar suas bonecas e bichos de pelúcia, um varal de nylon de 5
metros e duas esteiras de nylon, sobre as quais colocamos algumas almofadas.
A ideia
era disponibilizar o acervo enquanto continuávamos nossas atividades normais.
Mas, desde o primeiro dia fomos surpreendidos com a afluência de público na
área do Projeto, e, ao invés de ler ou jogar bola, passamos a recepcionar esse
público, explicar-lhes os objetivos do Projeto, indicar leituras, tirar fotos e
registrar em relatório o que acontecia.
Três
semanas depois outra ideia simples e genial de Maristela ganhou realidade:
tendo como primeira leitora Adah, surgia o “Soprando Histórias”, momento dentro
do Projeto em que passamos a trazer convidados para ler para as crianças e os
jovens. Pelo “palco” do “Soprando Histórias” passaram juízes, pedagogos,
psicólogos, empresários, jovens estudantes, professores e pessoas que vieram
simplesmente por amor à literatura ou pela vontade de ler para os pequenos.
Nesses
meses, presenciamos nesse espaço, além da literatura, teatro de fantoches,
música, leitura bilíngue. E vimos crianças e jovens, muitas crianças e jovens
lendo; pais e familiares lendo para suas crianças ou crianças lendo para os
irmãos, amiguinhos e mesmo para seus pais e familiares.
Por meio
do Clube de Leitura e especialmente de Angelita, nossa amiga e irmã de coração,
nos aproximamos da Universidade Estadual de Maringá e nos integramos a outros
Projetos de apoio à criança e ao adolescente e ao conhecimento.
O Projeto
ganhou espaço e participamos de eventos importantes, como a Semana Literária do
SESC, o Paraná em Ação, Semana da Criança Cidadã e o Programa UEM na Região.
Estivemos em Sarandi, Ivatuba, Goioerê, Ivaiporã. Promovemos a leitura entre
crianças e adolescentes e incentivamos as artes e a literatura.
Deixamos
o ano de 2011 cheios de esperanças de fazer um grande ano de 2012 e satisfeitos
por provar, em nossas vindas à Praça e em nossas viagens, que os jovens e as
crianças gostam sim, de ler e da literatura, que não estão perdidos no cyberespaço
nem na selva da mídia televisiva, mas que estão prontos a se aproximar desses
veículos de comunicação como opções válidas que não excluem a literatura e as
outras artes.
Agradecimentos
especiais às nossas irmãs de coração Hilda e Angelita, que são cofundadoras do
Projeto, aos amigos do Clube de Leitura, ao amigo Robson, à Secretaria de
Cultura e seu sistema de Bibliotecas, aos Corais da UEM, aos nossos
colaboradores blogueiros, que tem gentilmente nos divulgado, ao PCA, MNMMR, à
professora Verônica Müller, nossa “locomotiva” e mentora, e ao nosso público,
razão de estarmos aqui. Muito obrigado.
Maringá, 18 de dezembro de 2011
Wagner Oliveira Candido
Relator do
Projeto Leituras ao Vento
Leituras
ao Vento - 37° Relatório
Dia
11/12/2011
SOPRANDO
HISTÓRIAS COM ANA BEATRIZ E BRUNA PINHEIRO
Domingo de sol, crianças na praça, mais
um dia de Leituras ao Vento.
A história desta edição do Leituras ao
Vento começou a cerca de um mês atrás, com a notícia da visita das irmãs Ana
Beatriz Pinheiro Trindade, 13 anos, e Bruna Pinheiro Trindade,15 anos, primas
de Adah, diretamente de Porto Velho, Rondônia, para passar as férias conosco em
Maringá. Felicidade!!
Ana Beatriz chegou a pouco mais de uma
semana, conheceu a cidade e nossos amigos, passeou conosco e teve a
oportunidade de participar da edição anterior do Leituras ao Vento, o nosso
Especial de Natal; Bruna chegou esta semana e se juntou à festa.
Bia e Bruna nos acompanharam e ajudaram
a montar o nosso espaço, deram assistência às crianças presentes, tiraram
fotos, distribuíram sorrisos. Isso bastaria, de longe, para transformar esse
dia num dia muito especial.
Mas já havíamos reservado uma merecida
honra para essas meninas exemplares, estudiosas e filhas dedicadas: participar
do “Soprando Histórias”. O convite, que elas receberam ainda quando estavam em
Porto Velho, foi comemorado por toda a família, e a divulgação em nosso blog e
nos blogs de nossos colaboradores levou o anúncio do evento para todo o Brasil.
Quando as mocinhas chegaram propusemos a
elas alguns livros, e os títulos escolhidos por elas foram: “Vitória da
Preguiça”, de Helen Lester, com ilustrações de Lynn Munsinger – a ser lido por
Bia; e “Clara e os fantasminhas”, de Thierry Robberecht, com ilustrações de
Philippe Goossens – a ser lido por Bruna – ambos da editora Ática.
Em “Vitória da Preguiça”, Helen Lester
nos conta a história bizarra e muito engraçada de uma escola de preguiças onde
o que mais se faz é... dormir, até que um dinâmico visitante procura mudar um
pouco essa rotina. A situação já é engraçada por si, e ganha familiaridade por
meio da primorosa arte da ilustradora Lynn Munsinger; já em “Clara e os
fantasminhas” Thierry Robberecht nos ensina, por meio da sensibilidade da
menina Clara, as armadilhas da mentira e da omissão. O s fantasminhas de Clara
nada mais são que o embate entre nossa consciência, que nos indica o caminho da
ação correta, e o medo de assumir nossas culpas diante das pessoas que amamos.
Quando aprendemos que o amor que outras pessoas tem a nós não depende de nossa
infalibilidade nos tornamos livres para viver e amar assumindo nossa condição
de seres humanos “incompletos” como dizia Paulo Freire, mas por isso mesmo
dados à completude com o outro.
A primeira a fazer a leitura foi Bruna,
seguida de Bia. Ambas leram com segurança e dentro de seu estilo de
personalidade: Bruna de modo mais pausado, mostrando com cuidado as
ilustrações; Bia com desenvoltura e alegria, puxando uma pequena participação
de Adah no meio da história. As crianças as rodearam, sentando-se bem próximas
e ficaram muito atentas. Um grande sucesso!
Fizemos às duas leitoras a entrega dos
Certificados de Participação e dos Títulos de “Leitor amigo das crianças e
adolescentes da cidade de Maringá”, coma a ajuda das crianças da plateia. Mais
belas fotos e sorrisos.
Num dos mais belos e oportunos registros
fotográficos que já fizemos, flagramos Bia e Bruna ao telefone, livros
escolhidos à mão, sentadas em nossa lona azul, contando para os pais em
Rondônia as histórias que haviam acabado de ler para o público! Assim, o
carinho dessas meninas para com os pais Márcio e Ana atravessou o Brasil por
mais de 2 mil quilômetros, na forma das histórias que o Leituras ao Vento
proporciona ao seu público! Lindo...
Um agradecimento especial aos amigos do
Clube de Leitura Alcides e Angelita, pela presença e pelo carinho.
Um outro fato inédito marcou o dia: após
armarmos o nosso espaço, com a ajuda de Bia, Bruna e Adah, saí para fazer a
divulgação na Praça, como de costume. Abordagem direta, uma pequena fala sobre
o Projeto e o convite para o “Soprando Histórias”. Só que desta vez fui
acompanhado por Bruna, que levou a máquina fotográfica e tirou as primeiras
fotos desse pequeno – mas fundamental – trabalho de divulgação. Ficam assim
registrados, pela primeira vez, esses quinze minutos de corpo-a-corpo com os
frequentadores da Praça, que ajudam a compor o público que visita Leituras ao
Vento em nossos domingos de sol e leitura. O carinho e o interesse com que o
público nos recebe nessa abordagem é um dos bons momentos do dia.
Que os ventos nos tragam outros domingos
felizes como esse. Um abraço do Leituras ao Vento.
Leituras
ao Vento - 36° Relatório
Dia
04/12/2011
SOPRANDO
HISTÓRIAS COM ROBERTH FABRIS
Nosso convidado para o Soprando Histórias foi o blogueiro,
agitador cultural e escritor membro da Academia Maringaense de Letras Roberth
Fabris.
Robert escolheu um livro com uma história que, embora não
seja uma história antiga, já se tornou um clássico: “Ângela e o menino Jesus”,
de Frank Mccourt, com ilustração de Loren Long e tradução de Rubens Figueiredo.
É história de uma menina, Ângela, que, vendo a pequena imagem do menino Jesus
num presépio da Igreja de St. Joseph, povoado perto do lugar onde mora, resolve
protegê-lo do frio e o furta, levando-o oculto para sua casa, onde o aquece nos
cobertores da cama onde dorme com a irmã Aggie. Mas o irmão, Pat, criança como
ela, descobre e preocupa-se com a separação do menino Jesus de sua mãe, a virgem
Maria, que ficara no presépio da Igreja. Pat tenta convencer a mãe que a irmã
está com o menino Jesus, a princípio sem sucesso, mas acaba, à mesa do jantar,
convencendo a mãe a subir ao quarto onde o menino fora colocado por Ângela a
aquecer-se sob os lençóis. Descoberta a ação da menina, todos se dirigem
imediatamente à igreja para devolver o menino Jesus à sua mãe. À porta da
igreja encontram o padre e um policial, que estavam a investigar o paradeiro do
menino Jesus. Esclarecidos os pormenores do fato, o policial pergunta ao padre
se deve prender Ângela. Pat faz a defesa apaixonada da irmã e se oferece para
ir preso no lugar dela. A emoção toma conta do padre e do policial, e também da
mãe, impressionada com a coragem, amor e compaixão do menino. Finalmente,
assegurando o padre a Ângela que a virgem Maria, na ausência de todos, cuida de
aquecer o menino Jesus, este é devolvido à companhia da mãe, de São José e dos
reis magos.
Frank Mccourt, ganhador do Pulitzer por “As cinzas de
Ângela”, tece desta vez um conto de natal com tradicionais elementos presentes
neste tipo de narrativa: a compaixão, o sacrifício pelo próximo, a presença da
família e de uma ética característica, que deve ser seguida apesar de tudo. O
espírito natalino parece presente no momento da emoção geral com a vontade
obstinada de Pat em proteger a irmã, que “dobra” a autoridade – simbolizando o
perdão, outro elemento característico – e conduz ao desfecho feliz. Nesse
contexto, Ângela é a heroína que ousa perturbar o equilíbrio do mundo, em nome
da própria ética que o mantém, e Pat o anjo que possibilita o retorno a esse
equilíbrio driblando o próprio destino e reabilitando o herói. A ética aqui não
é a da tragédia grega: a heroína ultrapassa o “métron”, mas não estabelece, com
seu triunfo e posterior desgraça, um novo equilíbrio a favor dos homens; antes,
é a ética cristã, em que o antigo equilíbrio é restabelecido, e os valores de
unidade são reafirmados porque, internalizados, se mostram em sua plenitude
quando são chamados a agir.
Roberth contou essa bela história às crianças com muita
personalidade, procurando interpretar com vigor os trechos mais pungentes.
Sentou-se, ajoelhou-se, mostrou as gravuras com insistência, pediu a crianças
da plateia que lessem alguns trechos. Enfim, acreditou firmemente na mensagem
que veio transmitir aos pequenos. Muito obrigado, caro amigo, por sua
dedicação.
Na semana que culminou com esse belo encontro na Praça
recebemos a visita de Ana Beatriz Pinheiro Trindade, a Bia, prima querida de
Adah, que chegou de Porto Velho, Rondônia, para nos visitar e distribuir por
aqui o seu belo sorriso. Bia esteve conosco na Praça, em todos os momentos,
ajudando nos preparativos, tirando fotos, brindando-nos com sua simpatia.
Roberth Fabris também se esforçou por conseguir a
participação de um coral tradicional dos eventos natalinos na cidade, mas
parece ter havido um desencontro e esse coral não apareceu; eu e Maristela
tivemos um pouco mais de sorte, e conseguimos a participação do Coral
Infanto-juvenil do DMU-UEM, que apresentou peças de seu repertório, encantando
a todos. Obrigado, mais uma vez, ao professor Paulo Lopes e aos coralistas,
pelo carinho demonstrado ao Projeto.
Agradecimento também a todos os presentes, crianças, jovens,
seus familiares e amigos. Um abraço ao Sr Clésio e família, sempre conosco, e à
nossa amiga inseparável Hilda, acompanhada de Marcos, seu filho, sempre feliz e
sorridente.
Um abraço a todos e até o próximo Leituras ao Vento.
Leituras
ao Vento -35° Relatório
Dia
27/11/2011
SOPRANDO
HISTÓRIAS COM GLÓRIA HARADA TORRES
Depois de muitos fins de semana
chuvosos – e meios de semana ensolaradíssimos – a lógica desconhecida da
natureza voltou a nos favorecer e o Leituras ao Vento voltou à Praça da
Catedral de Maringá.
A comemoração do Dia das Bruxas ficou
para o ano que vem, mas a alegria, essa nunca nos deixou, e retornou com força
total nesse domingo de sol, com uma convidada simpatissíssima e uma nova
campanha que o Leituras tem a oportunidade de colaborar.
A convidada do Soprando Histórias é
Glória Harada Torres, estagiária da Biblioteca Pública, que veio nos contar
duas histórias muito singelas: O Reino das Borboletas Brancas – de Marli
Assunção Gomes Pereira, com ilustrações de Teruyo Kajiki de Souza, editora
Paulinas – e O Homem que Amava Caixas, escrito e ilustrado por Stephen Michael
King, editora Brinque-Book.
O primeiro livro tem como tema a
inclusão social: conta a história de um mundo em que os seres são divididos
pelas cores, ficando cada um em seu reino, evitando se misturar com os outros.
A monotonia é quebrada pela coragem de uma borboletinha, que busca a interação
entre as cores para criar um novo tempo em que o colorido, a amizade e a
alegria predominam.
O segundo livro é uma história de amor
entre pai e filho, já muitas vezes contada dentro do Projeto, e já analisada em
relatório: é a encantadora história de um pai que, sem conseguir dizer ao filho
como o ama, produz os mais diversos e maravilhosos brinquedos feitos de caixas
para chamar a atenção do filho e criar uma forma original de interação.
Glória contou as histórias com vagar,
de forma reflexiva e preocupada com o alcance de sua voz para as crianças que a
rodeavam ouvindo com atenção. Ao final, uma surpresa para as crianças: Glória
trouxe papel e montou uma pequena oficina de confecção de borboletas em
origami. As crianças adoraram. E alguns adultos também.
Este domingo foi também o dia de uma
ação importante dentro do Projeto Social Parque do Ingá, da Secretaria de
Cultura de Maringá, que o Leituras ao Vento teve o prazer de participar. A ação
Livro Voador consiste do “esquecimento” de um livro infantil em algum lugar
público da cidade, para que alguém o encontre, leia e possa “esquecê-lo”
novamente em algum outro lugar. Desta vez escolhemos a amiguinha Gleiciele para
“esquecer” o livro A Árvore, de Bartolomeu Campos de Queirós, com ilustrações
de Mario Cafiero, da editora Paulinas.
O livro do mestre Bartolomeu é a
belíssima história de uma árvore, em versos que descrevem os pormenores de sua
relação com os seres vivos que a habitam e rodeiam e com os elementos da
natureza. O olhar humano também está presente, uma mistura dos olhos inocentes
da criança com os olhos sonhadores do poeta.
Eu e Gleice escolhemos o
banco azul de metal de um ponto de ônibus para “esquecermos” a obra, que,
claro, foi “achada” segundos depois por uma das crianças presentes à praça. Que
faça boa leitura, e que distribua o seu prazer por outras praças da cidade.
Gostaria de adicionar aqui um registro:
no dia de ontem o Leituras ao Vento esteve na Oficina para educadores de
Marialva, a convite de nossa amiga e mestranda em Educação Angelita da Silva. O evento foi na escola Municipal Dr. Eurico
de Barros e teve também a presença de um grupo engraçadíssimo de palhaços, o
grupo Clown, do nosso amigo Renato.
Depois de uma introdução de Angelita
contamos duas histórias para as professoras presentes, acomodadas nas esteiras
do projeto e aproveitando nossas almofadas e travesseiros. Com muita atenção as
professoras ouviram “História da Ursa Parda”, de Puchkin, adaptada por Tatiana
Belinky e ilustrado por Semíramis Nery Paterno, editora Scipione, e “Onde vivem
os monstros”, texto e ilustração de Maurice Sendak, editora Cosac Naify.
Como o assunto era literatura infantil
e seus aspectos lúdicos, optamos por duas histórias, capazes, primeiro, de
demonstrar as possibilidades de atingir a sensibilidade e despertar sentimentos
como tristeza, solidariedade, compaixão; e também de interação e participação
dentro do universo da fantasia e da liberdade próprias da criança. Se atingimos
as professoras estas poderiam atingir as crianças? Acreditamos que sim. O
espírito humano é o mesmo, contendo em si a alma da criança e do adulto, que
afloram quando as chamamos para as belezas ou as necessidades da vida.
Agradecemos a Angelita pelo convite e
oportunidade de participarmos desta Oficina.
Agradecemos também as 26 pessoas que
assinaram o caderno de registros do Leituras nesse domingo e todas as demais
que estiveram presentes. Um abraço e um agradecimento especial à nossa
convidada Gloria Harada.
Um abraço e até o próximo Leituras ao
Vento.
Leituras
ao Vento UEM na região em Ivaiporã/PR.
Relatório
34
Dia 27/10/2011
Começamos o segundo dia em Ivaiporã com
uma foto em grupo com as outras equipes da UEM. Desta vez consegui fazer uma
visita aos estandes apenas neste segundo dia, devido ao volume de pessoas que
atendíamos em nosso espaço. Mesmo assim, Maristela, que ficou no espaço nas
duas vezes em que desci ao ginásio para visitar e tirar fotos, foi chamar-me em
ambas as vezes para ajudá-la, devido à chegada de novas turmas.
Consegui, felizmente, testemunhar o
excelente trabalho feito pelas equipes da UEM: os jogos de montar e combinar da
matemática, o show de Química, super concorrido, os brinquedos “engajados” do
pessoal da Educação Física, os fetos e órgãos em vidros da Biologia, e a grande
atração da Física, o giroscópio. O interesse era grande dos estudantes que
buscavam as novidades dos estandes, e mesmo eu não resisti a participar: fiz
muitas perguntas aos acadêmicos de Educação Física a respeito dos brinquedos e,
claro, fui brincar no giroscópio. Tirei muitas fotos de tudo, filmei uma moça
aos gritos no giroscópio e saí insatisfeito de não ter tido tempo de participar
mais na Química e na Matemática.
As crianças do Projeto Renascer –
projeto que trabalha organizando atividades formativas para crianças em situação
de risco – que estiveram em nosso espaço no primeiro dia, voltaram na manhã do
segundo dia. Aproveitei a oportunidade para contar a eles a história “O domador
de monstros”, de Ana Maria Machado com ilustrações de Suppa, editora FTD, já
citado e analisado em relatório. As crianças adoraram e participaram muito,
acompanhando os recursos mnemônicos do livro e apontando seus monstros
preferidos. Depois permaneceram ainda bastante tempo conosco aproveitando o
nosso acervo, lendo quadrinhos, histórias clássicas, livros de imagens e até um
solitário livro de pano, que ficou na companhia de uma menina por um longo
tempo. A leitura individual prevaleceu, o baú e os livros sobre a mesa foram
explorados, o varal foi visitado. Aproveitei também para ler um livro para as
professoras presentes. Minha escolha recaiu sobre “Guilherme Augusto Araújo
Fernandes”, escrito por Mem Fox e ilustrado por Julie Vivas, com tradução de
Gilda Aquino, editora Brinque-Book. O livro fala sobre a amizade entre um
menino e uma velha senhora que mora num asilo ao lado de sua casa, e que, aos
92 anos, começa a perder a memória. O menino, então, inicia uma busca pelo
significado da memória, tentando relacionar a emotividade abstrata dos adultos
com o mundo dos objetos. Esses objetos, não inanimados, mas “vivos”,
historicizados e ressignificados em sua memória afetiva, funcionam então para
ele e sua amiga como portais para o passado, construtores e mantenedores de uma
identidade que se confunde com sua própria humanidade. As crianças também pararam
para ouvir, gostaram e, como as professoras, aplaudiram a história, e depois
voltaram para a exploração do acervo.
Uma moça chamada Taís pegou o primeiro
número da série adolescente Querido Diário Otário, de Jim Benton, editora
Fundamento, e ficou com ele por quase duas horas. A série Querido Diário Otário
é uma série extensa, com pelo menos nove números até o momento. Os dois
primeiros números, disponibilizados no Projeto, pertencem a Adah, e já estamos
providenciando cópias exclusivas para o Projeto – desses dois números e de
outros – para que possamos devolver para a dona os seus, é claro, mas também
devido ao enorme sucesso entre o público do Projeto desde que foram
introduzidos. A evidência de sua aceitação pelo público começou no Paraná em
Ação de Sarandi, em agosto passado, quando uma outra moça, depois de dizer que
não tinha o costume da leitura, teve o primeiro número sugerido por Maristela e
ficou com ela por cerca de uma hora. Um outro momento de relevância na
utilização da obra pelo Projeto foi em nossa primeira visita a Ivatuba, na
Educriança, quando foi usada como um dos diários trabalhados por nós em nossa
estratégia de estimular a escrita como forma de expressão da própria história
para as moças, no caminho da auto-aceitação e do reforço da identidade.
Depois de vários momentos, de lá para
cá, em que pudemos observar o interesse do público adolescente pela obra, penso
que é hora de dizer alguma coisa sobre ela.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que,
diferentemente dos diários romanceados ou dos produzidos na dramaticidade da
vida real – como o Diário de Anne Frank e o Diário de Zlata, o Querido Diário
Otário é uma obra de humor. Por meio do humor o autor trabalha os dramas e
trivialidades das meninas adolescentes, como a relação com os pais, os altos e
baixos da auto-estima, as relações de amor e ódio com as colegas de escola, a
visão do mundo adulto e da autoridade, a admiração e a timidez diante dos
meninos bonitos da escola, a visão do próprio corpo e a construção da própria
imagem, as tarefas e obrigações do dia-a-dia. A personagem principal, Jamie
Kelly, é inteligente, astuciosa, corajosa, crítica, mas também é um pouco
atrapalhada, irrita constantemente Fedido, seu cachorrinho de estimação, vive
às turras com a mãe, tem uma amiga mais atrapalhada ainda do que ela e inveja
com um ódio juvenil a colega de turma Angelina, menina linda, bem comportada,
popular, perfeita.
Suas relações com a escola e com
Angelina constituem o eixo da história neste primeiro número. O diretor e a
“tia” da cantina são figuras ameaçadoras, impositivas, grotescas, como convém
às representações do poder nesta idade – e talvez em todas as idades...
Angelina, para ela, representa o Mal personificado em sua astúcia, o lobo em
pele de cordeiro, a beleza como máscara sedutora. Todos amam Angelina –
inclusive, para seu terror, os meninos que ela admira – e ela se incumbe da
tarefa “heróica” de desmascará-la, de expor a verdade à cegueira geral. Jamie
equilibra entre essas ameaças outras, enfrentadas pela maioria dos
adolescentes: a necessidade de aceitação e de um certo nível de “popularidade”,
o medo da execração pública – de apelidos ridículos que nunca mais desgrudam,
de passar por situações constrangedoras – de fracassar nas obrigações, de ser
apanhada em erro. Ao descobrir, no final da história, que seus “inimigos” não
são tão inimigos assim a desconcerta diante de seus próprios sentimentos, pois
perde sua “razão de viver”, pois é obrigada a se desarmar de ódios e
desconfianças – mas nem tanto.
No caminho para entender a aceitação da
obra talvez esteja a identificação com esses dramas, que, tratados com humor
nesse caso, tornam a leitura leve, pois o humor mediatiza a relação
leitor-personagem, evitando uma identificação direta e mais agressiva.
Um outro livro com bastante aceitação
junto aos adolescentes, e que desta vez ficou nas mãos de uma leitora por mais
de uma hora, foi o livro “Pior Atleta”, escrito por Thalia Kalkipsakis e
ilustrado por Ash Oswald, editora Fundamento. O livro faz parte da coleção para
meninas adolescentes “Go Girl”, que enfoca diversos momentos e situações da
vida das adolescentes, como dormir fora na casa da amiga, apreender as regras
de convivência da hora do recreio ou resolver “pendências” com a própria irmã.
O Projeto possui dois números desta série, entre eles este de Thalia
Kalipsakis.
A ilustração de Ash Oswald, constituído
unicamente de closes da personagem Gemma, não nos diz muito sobre o livro.
Aliás, as cores berrantes da capa aliadas ao traço simples de Oswald nos dão mesmo
a impressão de superficialidade. Mas se esta é uma estratégia para “fisgar”
leitores com receio de enfrentar uma leitura um pouco mais densa, parece ter
dado certo, pelo observado quanto à procura do livro. Quanto à sua aceitação,
ou seja, o tempo que o leitor passa com o livro, enquanto sinal de imersão na
leitura, só podemos entendê-la examinando o seu conteúdo. É aí que aparecem
surpresas e diferenças.
O texto, realmente, é curto e o pequeno
livro pode ser lido de um só fôlego. Os acontecimentos narrados não tem muitos
subterfúgios, não há lenga-lenga nem idas e vindas folhetinescas. Mas isso faz
do texto do livro não um texto pobre, mas um texto sóbrio. A personagem Gemma
também possui os conflitos típicos que aparecem em Jamie, do “Querido Diário”.
Mas o viés em que são apresentados não é o humor, mas a afetividade. Gemma se
esforça para ser aceita, para colocar como elemento central de sua vida a
atividade esportiva que escolheu e sua falta de maturidade faz com que ela se
engane constantemente a respeito das intenções dos adultos. Premida entre os
conselhos da mãe e os métodos rudes de seu treinador, ela assume uma postura
interna depressiva, se vê como vítima dos próprios erros e pensa estar sendo
punida. Mas procura compensar isso com muito esforço e treinamento, errando
muito devido à posição de isolamento que escolheu. Sua jornada de redenção é o
caminho do entendimento dos outros e de si mesma. Uma graça o livro.
Outros livros lidos durante o evento
merecem ser mencionados: “O menino que ganhou uma boneca”, de Majô Batistoni,
editora Massoni, lido para estudantes do curso de Formação Docente, enquanto
dávamos dicas de leitura para grupos; “Ulomma, a casa da beleza”, escrito por
Sunny e ilustrado por Denise Nascimento, Edições Paulinas, lida para duas
estudantes do curso de Enfermagem, que receberam a história como um grande
presente, e se emocionaram muito; “Como mamãe e papai se apaixonaram”, de
Katharina Grossmann-Hensel, editora Scipione, lido para acadêmicos da UEM e
estudantes da Formação Docente; “O homem que enxergava a morte”, conto presente
na coletânea de Ricardo Azevedo “Contos de enganar a morte”, editora Ática,
lido para estudantes da Formação Docente e alunos de escolas convidadas; “O
homem que amava caixas”, de Stephen Michael King, traduzido por Gilda de
Aquino, editora Brinque-Book; “A felicidade das borboletas”, de Patrícia Engel
Secco, ilustrações de Daniel Kondo, editora Melhoramentos; “A história da ursa
parda”, de Puchkin, adaptada por Tatiana Belinky, editora Scipione, lida para o
pessoal da UEM e para alunas da Formação Docente; “A casa sonolenta”, de Audrey
e Don Wood, editora Ática, para alunos de escolas convidadas; Três contos do
livro de Ângela Lago “Sete histórias para sacudir o esqueleto”, Companhia das
Letrinhas: “Caio”; “O defunto que devia”; e “Vamos esperar o set-set?”; e “A
palavra feia de Alberto”, também de Audrey e Don Wood, editora Ática, lida para
um grupo de adolescentes da escola.
Terminamos o segundo dia com um saldo
de mais de 300 pessoas atendidas, levando-se em conta as assinaturas e
declarações do nosso caderno de registros, entre alunos da própria escola ou de
escolas convidadas, alunos de cursos oferecidos pela escola, professores e
acadêmicos da UEM. Mas um número bem maior de pessoas passou pelo nosso espaço
e, mesmo sem se servir de nosso acervo, receberam de bom grado as informações
sobre o Projeto, nos elogiaram e incentivaram de coração aberto, e somos muito
gratos a todos. É isso. Um abraço e até o próximo Leituras ao Vento.
Leituras
ao Vento UEM na região em Ivaiporã/PR.
Relatório
33
Dia
26/10/2011
Essa é a nossa terceira experiência
como representantes do PCA junto à PEC – Pró-Reitoria de Ensino e Pesquisa – da
UEM, programa UEM na Região. A primeira experiência, em agosto, foi durante
Paraná em Ação em Sarandi, e a segunda em setembro, no campus da UEM em
Goioerê, ambas já expostas em relatório. Desta vez estivemos em Ivaiporã, na Escola
Estadual Barbosa Ferraz, uma escola que oferece ensino médio e cursos
profissionalizantes.
A exemplo de nosso segundo dia em
Goioerê, desta vez não dispusemos de um espaço gramado para armar o Leituras,
mas ficamos em uma área coberta, nesse caso uma extensão do pátio interno da
escola, um cimentado feito uma grande varanda que dá para a escadaria que leva
ao grande ginásio coberto, onde os estandes da UEM se instalaram. Euci, nossa
coordenadora do PEC, pensou nosso espaço com carinho: instruiu a colocação de
dois bancos e duas banquetas de madeira bruta envernizados, dando ao mesmo
tempo um ar de aconchego e sofisticação ao espaço; uma mesa foi deixada à nossa
disposição, e ali colocamos alguns livros em exposição; juntamos alguns bancos
retos usados em conjunto com as mesas para cercar o nosso espaço; e forramos o
centro com nosso encerado, completando com algumas de nossas esteiras. Então
cercamos um dos lados da cobertura – entre o pátio principal, com suas
pedrinhas, e o cimentado, do lado do corredor do andar de baixo das salas de
aula – com nossos varais, pendurando ali alguns dos livros maiores. O espaço
ficou colorido e bonito, pronto e convidativo para os visitantes.
A princípio o público, de jovens e
adultos, nos causaram alguma preocupação. Nosso acervo possui ainda um número
limitado de livros direcionados ao público juvenil, e temíamos pelo desinteresse.
Resolvemos, então, estrategicamente, mudar nossa abordagem, focando mais na
explicação da estrutura e funcionamento do Projeto, o que, julgamos, nos
aproximaria do trabalho executado pelos grupos presentes nos outros estandes –
mostrar, na prática, a ciência a qual se estuda e pratica – e também nos daria
a oportunidade de ensinar a quem se interessasse, a técnica de leitura-contação
que utilizamos com nosso público.
A escolha não poderia ter sido melhor
por um detalhe: um dos cursos oferecido pela escola é Formação de Docentes,
para futuros educadores que atuarão nas séries iniciais. Assim, passamos a
oferecer aos estudantes que nos procuravam – só nos procuraram moças – além da
disponibilização de nosso acervo, dicas sobre técnica de leitura-contação, além
de informações sobre autores e obras, terminando com a leitura de alguma obra
significativa. O sucesso foi total: as moças ouviam com atenção as nossa
explanações, perguntavam, participavam. Deliciaram-se com as histórias que
contamos e também se aventuraram em contações.
Alguns adolescentes estiveram presentes
em nosso espaço também, parte deles interessados em alguns títulos que costumam
ser populares junto a esse público – os diários e quadrinhos adolescentes – e
parte deles mais dispersos, ocupados em usar o espaço para conversar.
Procuramos atingir também a esse público, sugerindo títulos para uns e nos
oferecendo para contar histórias para outros. Tivemos um sucesso acima do
esperado, e nosso desejo e melhorar nossa técnica de abordagem, como também os
títulos e temas a serem oferecidos, para que nos aproximemos também desse
público, que é a outra ponta do público-alvo do Leituras, portanto parte da
razão de existir do Projeto.
A parte da manhã terminou, assim, com o
atendimento exclusivo do público da Escola.
Na parte da tarde começou a
participação do público externo, com a chegada de adolescentes de outras
escolas. Leram pouco, mas receberam de bom grado as informações que passávamos
dos livros que estavam expostos sobre a mesa, onde eles iam buscar os títulos
para eles mais atraentes. Novamente fez muito sucesso entre eles os quadrinhos
adolescentes – Turma da Mônica Jovem – criação de Maurício de Souza, editora
Panini Comics – e Luluzinha Teen –
criação e roteiro de Renato Fagundes e Julia Spadaccini, com arte de Labareda
Design – além dos diários, desde os mais engraçados e descompromissados –
Querido Diário Otário, de Jim Benton,
números 1 e 2, editora Fundamento – até os mais densos e sérios – O
Diário de Anne Frank, de Anne Frank, editora BestBolso. A participação do
público jovem tem aumentado com a diversificação e enriquecimento do nosso
acervo, o que indica que estamos no caminho certo. Melhora também nossa
estratégia de abordagem, o que significa que diminuiu a distância entre o que
sabemos e o que precisamos saber para dar conta das necessidades desse tipo de
público.
Tivemos também nesta tarde a visita de
algumas senhoras do curso Técnico de Enfermagem da escola. Entabulamos com elas
conversa sobre família, o curso, expectativas. Moças simpáticas e focadas em
seus objetivos. Maristela leu para elas “Quando mamãe e papai se apaixonaram”,
de Katharina Grossmann-Hensel, editora Scipione, já citado e analisado em
relatório. As senhoras se emocionaram muito com a história do encontro de duas
almas diferentes que se completam na paixão e se sentiram recompensadas por
ouvir a história. Foi o ponto alto da
tarde.
Após uma pausa para o jantar e uma
passada no hotel, voltamos para a programação da noite. Esperávamos por uma
turma de Técnico em Química, e imaginávamos um público mais pragmático, e menos
permeável ao assalto das emoções proporcionadas pela literatura. Mas,
felizmente, nos enganamos. Encontramos novamente um público interessado e
receptivo à leitura, que nos proporcionou momentos agradáveis de interação.
Apareceram duas moças no espaço e
começaram a observar os títulos encima da mesa. Perguntei-lhes do que gostavam
e elas disseram que gostavam de histórias com cachorrinhos, já que ambas tinham
cachorrinhos de estimação e os amavam. Então, propus lhes contar a história “Eu quero um cachorro”, texto e ilustrações de Dayal
Kaur Khalsa, já citada e analisada no relatório passado. Elas aceitaram e se
deliciaram e se comoveram com a história. Como amar tanto a algo ou alguém que
nem sequer ainda existe, fazendo-a fazer parte tão importante da nossa vida?
Parece nos perguntar essa história. O amor que nós temos em nós mesmos parece
procurar desesperadamente uma forma de se manifestar, de se espalhar pelo mundo
mesmo sem um objeto material, e, como pura idealização, contagiar a todos com
seu poder.
Voltamos
para o hotel bastante animados com o resultado desse primeiro dia. Primeira
parte de nossa missão concluída com êxito e satisfação!
Leituras ao
Vento na Escola Municipal Afrânio Peixoto- Ivatuba/PR.
Relatório 32
Dia 18/10/2011
Nossa segunda visita a Ivatuba começou com um contato
telefônico enquanto estávamos a caminho de nossa segunda participação no
Programa UEM na Região – representando o PCA junto a Pró-Reitoria de Ensino e Pesquisa
(PEC). A diretora da Escola Municipal Afrânio Peixoto, Maria Luiza Macedo da
Silva, nos fez o convite, confirmado depois por ofício da escola. A escola
havia participado da Semana Literária do SESC, e tinha sido uma das escolas que
visitou o espaço do Leituras naquele evento. Combinamos o dia e os detalhes de
nossa estadia, e um carro da prefeitura veio nos apanhar em casa.
Nossa primeira visita a Ivatuba foi, como já relatado, na
instituição EDUCRIANÇA, um internato para moças em situação de risco localizado
bem próximo à margem da PR-373, próximo a um conjunto residencial e cercada por
propriedades agrícolas, o que é próprio da região. Já o acesso à Escola
Municipal Afrânio Peixoto é pela mesma estrada que se toma ao deixar a PR-373,
só que alguns quilômetros à frente da entrada que dá acesso à EDUCRIANÇA, já na
parte urbana da cidade.
Poderíamos dizer que, se o município já conhecíamos,
travamos conhecimento desta vez com a cidade de Ivatuba. O centro urbano é
também cercado de propriedades agrícolas, pequeno, como um único bairro da
cidade de Maringá. As construções são de classe média, algumas de alto padrão,
todas muito simpáticas na aparência. Há uma pracinha na parte alta, ao redor da
qual se localiza um hospital, um mercado e algumas lojas e pequenos
restaurantes. Da pracinha descem ruas que dão para a igreja mais a direita, uma
espécie de centro de convenções mais ao centro e a Escola Afrânio Peixoto à
esquerda.
Chegamos à escola perto das 09:00h, fomos muito bem
recebidos e conhecemos pessoalmente a diretora Maria Luiza. Havia algumas
opções de lugar para armarmos o nosso espaço, entre eles um terreno cimentado
da própria escola, em frente ao prédio que abriga as salas de aula. Preferimos
recusar este último, pois os outros dois espaços, a pracinha central e o
terreno em volta da igreja, eram espaços gramados, que, por experiência,
sabemos que funciona melhor para o Projeto, principalmente quando o público
atendido são crianças.
Fomos com o carro da prefeitura primeiro à
pracinha, começamos a nos organizar, desembarcando o material, recolhendo o
lixo, etc., mas tivemos que desistir, pois uma equipe da prefeitura, em um
caminhão, estava trabalhando na instalação de enfeites de natal nas árvores, e
a nossa presença e a das crianças, nesse caso, seria inviável. Fomos então para
o terreno da igreja.
O terreno da igreja era ainda melhor que o da
pracinha. O gramado era mais amplo e a posição das árvores favorecia a formação
de sombra, pelo menos para a parte da manhã. Começamos a instalar nosso espaço
e pedimos ao motorista da prefeitura que avisasse a escola. Alguns minutos
depois, quando ainda não havíamos terminado a instalação, chegou a primeira
turminha.
O
público que atendemos desta vez foi de crianças entre três e dez anos. O
interesse de todas as turmas em nosso acervo foi, como sempre, extraordinário.
Os pequeninos combinavam leitura com uma viva curiosidade pelas ilustrações. É
interessante notar como lhes chama a atenção figuras que, para eles, tem algo
de bizarro, como as figuras de lutadores seminus no conto japonês “Três
mulheres fortes”, do “Livro dos gigantes e dos pequeninos”, de Diane Goode,
edição da Companhia das Letrinhas; ou os esqueletos personificando a Morte, no
livro escrito e ilustrado por Ricardo Azevedo, “Contos de enganar a Morte”,
editora Ática.
Também é interessante notar que há ao mesmo
tempo disputa por alguns livros – os bem pequenos, os que apresentam alguma
ilustração de capa considerada interessante, os de princesas, os de histórias
de terror e de monstros – e colaboração na leitura, com coleguinhas lendo
livros diferentes acomodados muito próximos uns dos outros, de forma a permitir
“monitorar” o que o outro está lendo, ou ainda a vontade de mostrar ilustrações
a todo momento, seja para o coleguinha do lado seja para vários colegas, mesmo
que se tenha que correr de um lado para outro para fazer isso.
Usamos
a estratégia de sempre: receber as crianças de forma a deixá-los o máximo
possível à vontade para se servir do acervo, acomodados como melhor lhes
aprouver; deixá-los por cerca de quinze minutos inteiramente a vontade para
escolher e fazer suas leituras; e em seguida ler para eles alguma coisa.
Fizemos
algumas leituras para as crianças: Maristela leu “Eu quero um cachorro”, texto
e ilustrações de Dayal Kaur Khalsa, sobre uma menina que, impedida pelos pais
de ter o seu sonhado cachorrinho, o substitui por um patins, que puxa pela rua
por uma coleira como se fosse um cachorrinho. Essa obra, como as outras
escritas pela mesma autora norte-americana, morta em 1989 aos 46 anos vítima de
câncer, são obras-primas infantis repletas de sensibilidade e suas ilustrações
são verdadeiras obras de arte; “Chapeuzinho Vermelho”, recontado por João de
Barro (Braguinha) e ilustrado por Cláudia Scatamacchia, Coleção Clássicos Infantis,
da Editora Moderna. Sobre essa versão em versos do poeta do samba e do
carnaval, Braguinha, com ilustrações cheias de estilo da artista Cláudia
Scatamacchia, não há muito o que dizer a não ser que é imperdível para os
amante da literatura infantil; Maristela também “contou” aos pequeninos, a
pedido deles mesmos – uma turminha de crianças de 3 a 5 anos -, apenas
mostrando as imagens, o conto “O homem que enxergava a morte”, do livro “Contos
de enganar a morte”, acima citado. As crianças riram às gargalhadas com o
esqueleto andando a cavalo, conversando com o personagem da história, ou aos
pés da cama de uma moça, como se fosse assustá-la.
Também
li alguns livros para as crianças. Li “O domador de monstros”, de Ana Maria
Machado com ilustrações de Suppa, editora FTD. A historinha de Ana Maria
Machado fala de coisas que são familiares às crianças, como o medo do escuro e
monstros que se escondem nas sombras, na verdade servos rebeldes da imaginação
infantil. O recurso mnemônico à contagem cumulativa é utilizado com
inteligência e graça, tornando a história um convite à interação; foi contada
também a história “Onde vivem os monstros”, de Maurice Sendak, editora
Cosac-Naify, já citado e analisado em relatório, o meu preferido pelas
possibilidades de interação; e também, para a turminha um pouco maior, de 8 a
10 anos, a história “Nicolau tinha uma idéia”, de Ruth Rocha, com ilustrações
de Mariana Massarani, editora Quinteto Editorial. O livro fala das
possibilidades criativas da troca de idéias, além da necessidade, para o
aprimoramento da própria civilização, de se participar aos pequenos as
realizações do presente e do passado, ou seja, de se ensinar.
Maristela
ainda contou, para as professoras presentes, “A história da ursa parda”, de
Aleksandr Puchkin, traduzida e adaptada por Tatiana Belinky e ilustrada por
Semíramis Nery Paterno. Contar essa história para educadores está se tornando
uma constante no Projeto, por seu potencial emotivo e por sua mensagem de
compaixão e solidariedade a dor alheia. Tatiana Belinky, autora de origem russa
radicada no Brasil, possui enorme sensibilidade para recolher, adaptar e
traduzir obras de grandes escritores de seu país e direcioná-las ao público
infantil e juvenil, sem o compromisso do mero entretenimento ou das histórias
açucaradas de encantamento, mas preservando sua carga dramática e sua mensagem
original.
É
preciso destacar também o grande interesse despertado por algumas aquisições
recentes do Projeto, da Coleção Sabe quem sou?, da editora Brasileitura: “Aves
excêntricas”, “Répteis exóticos” e “Macacos peludos”, todos com texto de
Catherine Solyon, ilustrações de Benoit Laverdière e tradução de Ruth
Marschalek Nascimento. Os livros trazem dois olhinhos de plástico com bolinhas
que se mexem, e que se tornam olhinhos dos personagens bichos que aparecem nas
páginas à medida que estas são viradas. As crianças passavam as páginas para
ver os bichinhos, e também brincavam colocando os buracos dos olhos, vazados na
capa, defronte ao rosto, usando a capa como uma máscara do bichinho ali
representado.
Destaque
também para uma das alunas, da turminha de 8 a 10 anos, pelo interesse em
histórias românticas. Tivemos que buscar em nosso acervo alguns títulos
especiais que falavam de amor, e ela fez questão de lê-los todos. Dessa
pesquisa foram apontados livros como “Como mamãe e papai se apaixonaram”,
escrito e ilustrado por Katharina Grossmann-Hensel, traduzido e adaptado por
Sâmia Rios, editora Scipione, que já foi lido no “Soprando Histórias” e
comentado em relatório, e “Perdi meu amor”, de Luiz Galdino com desenhos de
Isabel Cristina Passos, editora FTD. Essa última é a história de um menino do
interior do Rio de Janeiro que se apaixona por uma menina que ele avista na
janela do trem que passa por sua cidade e parte em direção da capital. A
geografia do interior e do litoral do Brasil se desdobra no infinito da
imaginação que emerge do coração do menino, criando enredos de singela
desilusão.
Um
outro menino, que apareceu no espaço pela manhã e voltou a tarde, nos pediu um
livro “de mágica”. Pensamos se não seria de magia... Sem ter nada específico no
acervo, oferecemos a ele “Cacoete”, escrito e ilustrado por Eva Furnari, mais
uma obra-prima desses novos tempos de ouro da literatura infantil que vivemos
atualmente, de uma autora de imaginação fértil e pouco convencional. A autora parte de uma idéia simples: um
menino compra uma maçã – a última do mercado – para presentear sua professora.
A partir daí tudo se complica: o menino, tentado a comer a maçã, a guarda por
três semanas numa gaveta e descobre após esse tempo que a maçã se estragou.
Inicia então uma viagem maluca rumo a um suposto vendedor de maçãs que o levará
à casa de uma bruxa. Então, entre feitiços e transformações, tudo pode
acontecer... O livro é ilustrado em tons de verde e amarelo-pastel, os objetos
e personagens são esguios e incertos, os planos são grandiosos, cheios de
detalhes e de movimento. Há um certo desconcerto e confusão que perpassa toda a
ação. É uma história surrealista, o que quer dizer que é propositalmente meio
louca, que mostra como um menininho meio distraído pode transformar uma cidade
cuja loucura é reta e previsível – feito um cacoete – em uma
loucura...bruxuleante.
Outro
destaque foi o vivo interesse das crianças – sempre dispostas, bem mais que os
adultos, a rever aquilo que gostaram – pelo livro “A casa sonolenta”, escrito
por Audrey Wood e ilustrado por Don Wood, editora Ática. O Projeto possui
outros livros deste casal, todos belíssimos em sua harmonia entre texto e
ilustração. Esse título em particular também já foi lido no “Soprando
Histórias”, e é sempre lembrado pelas crianças e educadores que freqüentam o
Projeto. No caso das crianças de Ivatuba, as professoras já haviam trabalhado o
livro em sala de aula, trabalho esse que fez com que a história caísse no gosto
e na preferência das crianças.
O
Leituras ao Vento atendeu 13 turmas no total – sete no período da manhã e seis
no período da tarde, num total de aproximadamente 160 alunos. Avaliamos o
resultado como altamente positivo, dado o nível de participação dos alunos nas
atividades de leitura e contação.
Agradecemos
a diretora Maria Luiza Macedo da Silva pela recepção e pelo apoio e também a
todo o corpo docente pelo interesse no Projeto e pela participação. Um abraço e
até o próximo Leituras ao Vento.
Leituras ao
Vento
Relatório 31
Dia 01/10/2011
SOPRANDO
HISTÓRIAS COM ÉBILA MADEIRA
Nosso compromisso na Praça neste
primeiro de outubro surgiu de uma idéia que tivemos e consideramos simpática.
Com a aproximação do dia 12 de outubro – várias comemorações acontecem nesse
dia, entre elas o dia das crianças – resolvemos que seria oportuno fazer um dia
das crianças no Leituras ao Vento. Mas
teria que ser de um jeito diferente. Assim, pensamos em fazer o “Soprando
Histórias” unicamente com convidados mais jovens, meninos e meninas que viriam
à Praça da Catedral para contar histórias de crianças para um público infantil.
De início, muitos nomes surgiram em
nossas cabeças, e mesmo alguns amiguinhos se ofereceram para fazer a leitura.
Mas alguns contratempos aconteceram, e conseguimos confirmar apenas este dia
primeiro e o dia 30, que anunciaremos oportunamente. Assim, uma idéia anterior,
de fazer um recesso em outubro e colocar a rotina do Projeto em dia, acabou se
juntando à idéia do mês das crianças, que acabou ocupando os seus extremos.
Ao chegar à Praça, sabíamos que
teríamos um belo domingo de sol, e montamos o nosso espaço esperando a Praça
cheia e muitas crianças em nosso espaço. Nossa convidada, Ébila Madeira, uma
linda mocinha de 12 anos, colega de turma e amiga inseparável de Adah, já estava
em nosso espaço, acompanhada de seus pais. Muito amável, ajudou-nos a montar
nosso espaço e acompanhou Adah, enquanto aguardava terminarmos a divulgação.
Desta vez a Praça não estava tão cheia
quanto na semana passada, mas havia mesmo assim muita gente. Não havia, no
entanto, muitas crianças na Praça, mais uma vez. No retorno da divulgação
encontrei uma dúzia de crianças em nosso espaço. Resolvemos esperar alguns
minutos, para que as pessoas convidadas tivessem tempo de chegar ao nosso
espaço, depois fizemos a chamada às pessoas próximas e reunimos as crianças em
torno de Ébila.
A história contada por Ébila tinha como
narradora uma criança: “Como mamãe e papai se apaixonaram”, escrito e ilustrado
por Khatarina Grossman-Hensel. Na história, uma menina conta a história da paixão
dos pais usando sua imaginação e seus brinquedos, na companhia de seu
cachorrinho. Ébila contou a história conseguindo uma sinergia e uma
cumplicidade com o público que só os bons contadores de histórias conseguem
obter. Postura perfeita, a voz no tom exato, a exibição das ilustrações da
autora feita com maestria, mostrando cada detalhe casado ao trecho da história
que havia acabado de contar. Ébila, uma grata surpresa do “Soprando Histórias”,
competente e segura. Nossos agradecimentos a essa moça e aos seus pais por nos
propiciarem esse momento.
Após a leitura, entregamos o Certificado
e o Título tão merecidos à nossa convidada, tiramos muitas fotos e nos
despedimos.
Depois de um domingo bem complicado na
semana passada, com vários eventos na Praça, muito barulho e poucas crianças,
foi muito bom ver de novo uma parte de nosso público fiel nos acompanhando, e a
chegada de novos amigos, como os pais da Ébila.
Agradecemos a presença de todos, o
registro de seu carinho no nosso caderno de registros, e desejamos que
retornem. Um abraço e até o próximo Leituras ao Vento.
Leituras ao Vento
Relatório 30
Dia 25/09/2011
SOPRANDO HISTÓRIAS COM ROBESPIERRE R. TOQUATI
SOPRANDO HISTÓRIAS COM ROBESPIERRE R. TOQUATI
Nesse domingo chegamos à Praça da Catedral às 14:45h e a encontramos repleta. Uma multidão quase compacta passeava pelo gramado, sendo em sua maioria adolescentes e adultos. A explicação para tanta gente estava em um evento de passeio ciclístico, aparentemente bem organizado, com um enorme palco montado logo à frente da escadaria da parte de trás da Catedral.
Os 15 minutos que antecipamos para preparar o nosso espaço foram perdidos em duas voltas completas a baixa velocidade ao redor da Praça na tentativa de encontrar um lugar para estacionar, de preferência próximo de um local que fosse suficientemente distante da parafernália sonora montada no palco, que inviabilizou qualquer esperança nossa de ficarmos no local de costume. Nessa aventura encontramos pelo caminho ainda dois carros de som, tipo trio elétrico mesmo, caminhões enormes, com alto-falantes incentivando algumas dezenas de ciclistas que o acompanhavam, formando um cortejo. O nível do som era insuportável. Ficamos receosos de que eles estacionassem ali por perto. Se isso acontecesse teríamos que, forçosamente, cancelar o nosso evento.
Felizmente os carros de som estavam apenas de passagem – passaram por nós por duas vezes – e nós conseguimos nos fixar perto da esquina com a Herval, próximo de algumas árvores onde já havíamos feito o Leituras uma vez – no dia da apresentação de Angelita.
Fizemos a transferência do material do carro para o local escolhido e a montagem do espaço. Quando já terminávamos chegou o nosso convidado, Robespierre Roque Tosatti.
Nossa história com nosso convidado já é longa. Nós o conhecemos bem antes do Projeto, pois já freqüentávamos o seu sebo nos nossos primeiros dias em Maringá, e boa parte do nosso acervo foi adquirida em sua loja. A idéia de convidá-lo, portanto, veio naturalmente. Um homem que construiu sua vida vendendo cultura a preços módicos é, por principio, um apoiador da cultura. O convite surgiu a cerca de dois meses atrás e foi imediatamente aceito por ele. Depois de alguns contratempos, conseguimos a data do dia 25 de setembro e, finalmente, o trouxemos.
Robespierre, tranqüilo, nos ajudou a divulgar o evento, mas, meia hora depois, o espaço do Leituras ainda apresentava pequeno público. A Praça permanecia cheia, mas se viam poucas crianças. O barulho era ensurdecedor,e, bem próximo a nós, para os lados da Tiradentes, um grupo de capoeira fazia os seus jogos.
Em nosso espaço estavam a esposa de Robespierre e alguns conhecidos, com suas crianças, mais alguns poucos visitantes. Decidimos esperar mais dez minutos, e, após esse tempo, anunciamos o “Soprando Histórias”.
Foi então que pudemos apreciar toda a habilidade do nosso convidado: Robespierre, ciente do seu pequeno público, sentou-se no chão e chamou os pequeninos. Estes ficaram reunidos à sua volta, próximos de seu olhar franco e direto, de sua voz mansa e de seu tom de contador de “causos”. Contou uma história bela e singela, sobre o amor e a redenção: “A velhinha que mudou o tempo”.
Na história, uma velhinha rabugenta vive solitária em seu sítio, com sua mania de pontualidade. Para ela, há tempo para tudo: para acordar, para trabalhar, para comer, para dormir. Seu jardineiro vai ocasionalmente à sua casa cuidar do jardim. Mas ela não tolera qualquer tipo de atraso, e, quando, certa vez, ela se atrasa por 15 minutos, ela o dispensa e, dias depois, tem a idéia de substituir o trabalho do jardineiro por duas ovelhas, que não lhe dariam trabalho ou despesa, pois manteriam a grama do jardim aparada à medida que se alimentassem. Sua ganância e rabugice, no entanto, fez com que tudo desse errado, é claro. Ela comprou duas ovelhinhas muito novas, que ainda precisavam de amamentação e cuidados, antes que tivessem idade para se alimentar de grama. Não é preciso dizer que essa constatação mudou a vida da velhinha, que arranjou a quem amar e cuidar.
Robespierre contou a história com habilidade e manteve a atenção de seu pequeno público até o final. Mereceu o aplauso não somente de sua pequena galerinha, mas de todos nós, que o observamos e fotografamos. Após a entrega do nosso Certificado e do Título de Leitor Amigo, nos despedimos de Robespierre, agradecidos por sua participação e apoio num dia tão difícil para o Leituras.
Surpreendentemente, mais pessoas chegaram ao espaço após o “Soprando Histórias”, e acabamos por estender a nossa permanência no espaço para além das 18:00h. Deixamos o espaço às 18:30h, satisfeitos por nossa teimosia e resistência. O Leituras ao Vento saúda os eventos da Praça e reconhece o direito à diversidade de opções, que o maringaense parece apreciar, haja visto o grande afluxo de pessoas na Praça neste domingo. Mas, com sua introspecção dialógica e seu amor ao silêncio, pede passagem. E até o próximo Leituras ao Vento.
Projeto Leituras ao Vento
29 Relatório do dia 18/09/2011
SOPRANDO HISTÓRIAS COM KEILA CHERUBINI
SOPRANDO HISTÓRIAS COM KEILA CHERUBINI
Depois da cheia, cansativa, mas vitoriosa Semana Literária do SESC, chegamos a esse domingo ensolarado na Praça como que para fechar um ciclo, em que os principais protagonistas foram nossos amigos de Rondônia.
Maristela soube duas semanas antes que sua amiga Keila Cherubini estaria em Maringá, para assistir a um ciclo de palestras sobre engenharia, algo a ver com sua formação de engenheira florestal. O convite para o “Soprando Histórias” foi imediato e natural. Keila aceitou de pronto, mas nos presenteou com uma novidade que acabou criando uma grande expectativa para o dia de hoje: Keila nos disse que poderia trazer sua fantasia de Emília, a célebre boneca do Sítio do Picapau Amarelo, criação imortal do não menos imortal Monteiro Lobato.
De pronto envidamos todos os esforços no sentido de convencê-la a trazer a fantasia, e, mesmo à distância, combinamos o evento e fizemos os preparativos para esse dia especial.
A maior dificuldade que encontramos foi em relação à leitura que seria feita por ela. Não que a vasta obra de Lobato nos colocasse qualquer dificuldade em relação a isso, mas porque queríamos que fosse algo que tivesse uma clara relação com a personagem, tão querida das crianças e mesmo assim tão desconhecida em seus detalhes e temperamento. Emília, para a maioria do público infantil que ainda não travara um contato mais íntimo com o texto escrito é principalmente uma imagem. Uma imagem simpática de uma bonequinha de pano colorida, muito mais fixada pela televisão que pelos ilustradores que fizeram, nos livros, a sua fama.
Assim, pensamos durante 15 dias em histórias de Tia Nastácia e Dona Benta, mas não conseguíamos o que realmente queríamos, que era que a própria bonequinha tivesse oportunidade de se apresentar. Finalmente, tivemos uma idéia trabalhosa, mas que nos parecia a mais viável para atingirmos o nosso intento: uma adaptação. Separamos alguns trechos iniciais do volume “Reinações de Narizinho” – da coleção clássica em 12 volumes da Editora Brasiliense – e isolamos um texto em que a boneca contaria, com detalhes e peripécias, como havia principiado a falar. Corremos o risco, na verdade, de uma exposição um pouco mais longa, mas acreditamos no magnetismo da figura da personagem para segurar a atenção do público infantil.
Na história, Emília é levada por Narizinho e o Príncipe Escamado ao Reino das Águas Claras, onde, depois de algumas aventuras e um rebuliço causado pelo Pequeno Polegar e pela Dona Carochinha, ocupada em achar o pequeno fujão, a boneca é levada à presença do Doutor Caramujo, aflito pelo sumiço de suas milagrosas pílulas. As pílulas são localizadas na barriga do sapo sentinela do Reino, o Major Agarra-e-não-larga-mais. O Major havia confundido as pílulas com as pedrinhas redondas que o Príncipe Escamado, de brincadeira, o havia ordenado engolir. Assim, Emília recebe uma das pílulas e, fazendo careta com o gosto de sapo nelas deixado pelo Major, principia finalmente a falar.
Então, chegamos à Praça – desta vez eu, Maristela e Adah – e começamos a montar o nosso espaço. Keila ainda não havia chegado, mas logo Maristela a avistou e pediu a Adah que a alcançasse e a trouxesse até nós. Keila, a própria Emília, estava acompanhada de uma amiga engenheira, e já havia, com sua fantasia, despertado a atenção das crianças da Praça antes mesmo que começássemos a divulgação. Recebemos Keila com alegria, e enquanto esta se integrava ao nosso espaço, acompanhando os afazeres de Maristela e examinando o nosso acervo, parti para a divulgação.
Boa parte das pessoas que contatei em meu passeio pela Praça já haviam visto Keila, e mostraram um vivo interesse pelo evento. Depois de cerca de 10 minutos retornei, e nosso público mirim já aguardava ansiosamente pelo evento. Keila tirou muitas fotos com as crianças, cheias de carinho para com ela, e lhe perguntaram mesmo se ela era de fato a Emília. Keila distribuiu sorrisos, e conseguiu reunir pouco mais de uma dúzia de pequeninos em volta de si durante o “Soprando Histórias”.
Com habilidade, uma voz e um olhar afetuoso, Keila contou sua história de boneca faladeira para sua assistência, com os detalhes possíveis ao tempo que julgou possuir. As crianças adoraram, e, claro, tiraram outra leva de fotos com a nossa Emília.
Após a entrega do nosso Certificado e do nosso Título à boneca de pano, as crianças continuaram a assediando, e mesmo algumas que não eram tão crianças. Duas mocinhas de, digamos, seus 13 e 14 anos, que andavam por ali, trocaram “acusações” quando a viram: “Ela quer tirar uma foto contigo!”, “Não, é ela!”. Minutos depois se convenceram de que nenhuma das duas realmente queria e resolveram tirar ambas. Foram embora felizes e sorridentes de terem sucumbido à tentação de recuar uns anos em sua curta história de vida adolescente para estar com a Emília.
Nesta tarde recebemos mais uma vez muitas famílias. Mães e pais acompanhados de seus pequeninos fizeram mais uma vez o colorido afetuoso de nossa tarde, com suas leituras cheias de carinho e atenção.
Foi o primeiro dia que trouxemos à Praça o nosso encerado, e foi possível verificar a sua utilidade, não apenas como uma cobertura protetora sobre o gramado, para abrigar nosso acervo e nossos convidados, mas porque ele delimita uma área próxima ao convidado que traz proximidade ao momento da contação.
A tarde terminou com mais sorrisos e fotos, e nos despedimos de Emília já com saudades de todo o pessoal do Sítio. Obrigado, Keila, por nos proporcionar isso. Um abraço a todos e até ao próximo Leituras ao Vento.
Projeto Leituras ao Vento
28° Relatório do dia 16/09/2011
SEMANA LITERÁRIA DO SESC-MARINGÁ
SEMANA LITERÁRIA DO SESC-MARINGÁ
Nossa presença na Semana Literária nesta sexta-feira foi uma escolha minha e de Maristela. Havíamos acertado com o SESC a nossa presença na segunda, na terça e na quinta-feira, sendo que Laíde, a coordenadora da Semana Literária, sempre deixou claro que o espaço durante a semana era nosso. Com alguns entraves de agenda e de pessoal, optamos inicialmente por aqueles três dias. Mas, conforme o evento se aproximava e esses problemas iam sendo resolvidos – consegui ficar com os dias livres e recebemos a adesão de vários colaboradores – foi se fortalecendo a idéia de participar também na quarta e na sexta-feira.
Tentamos vir na quarta, mas diante de uma agenda bastante movimentada do Projeto, mais participação no Projeto Brincadeiras e grupo de estudo de mestrado, confesso que faltou energia para que realizássemos esse desejo. Por isso, fiz um esforço extra para que viéssemos na sexta.
Nesse dia já não contávamos com nossa amiga Angelita, envolvida com seus afazeres de mestrado desde a terça-feira, e com Daniela e Michel, que haviam partido no dia anterior. Mas ainda tivemos a companhia de Marcelo, sempre prestativo, e Robson apareceu no final da manhã para nos ajudar. Também se fez presente Geni, nossa querida coordenadora do Clube de Leitura Maringá.
A afluência de público neste último dia da Semana Literária foi, pelo menos na parte da manhã, em que estivemos no espaço, menor que nos outros dias. Ainda assim, cerca de cem pessoas passaram pelo espaço.
Poucas escolas passaram pelo espaço, mas, mesmo assim foi possível diferenciá-las das visitas dos dias anteriores: esteve presente no espaço uma escola particular, uma escola pública de Sarandi e um grupo de crianças de um programa mantido por um posto de saúde de Maringá.
Na escola de Sarandi encontramos uma menina que já conhecíamos do Projeto Brincadeiras – durante a semana tivemos ainda uma outra experiência como essa – que nos tratou como velhos conhecidos, ou ainda, como se fôssemos da família, com proximidade, beijos e abraços.
Os nossos pequenos visitantes de hoje não eram tão pequenos assim. Recebemos grupos de crianças acima de 10 anos, mais tranqüilas e mais envolvidas com a leitura.
Ao final do dia recolhemos o material, tiramos fotos do grupo de colaboradores e encerramos nossa participação no evento.
É importante que façamos agora um balanço final desses quatro dias de participação na Semana Literária. Em primeiro lugar é preciso dizer que foi mais uma oportunidade do Projeto de fazer uma experiência completamente diferente de tudo que já havíamos feito até agora. Se compararmos com a Praça, Educriança e Paraná em Ação, veremos que fazer experiências distintas está se tornando comum no Projeto.
Na Praça, por exemplo, há um público cuja quantidade varia de 40 a 60 pessoas e a nossa contação/leitura fica praticamente restrita ao “Soprando Histórias”; no Educriança, onde fomos a convite, tivemos um grupo de educadores envolvido em uma programação variada a um grupo fixo de 23 meninas ; no Paraná em Ação tivemos grupos pequenos de crianças que ficavam conosco por pouco tempo – foram 99 pessoas nos três dias de evento – e que em geral ou não estavam em idade de leitura ou não sabiam ler por deficiências da rede pública, o que fez com que contássemos histórias muitas vezes.
Já na Semana Literária, mesmo sendo apenas mais uma atração da programação do dia, recebemos muitas turmas escolares e também a visita de outras instituições e de famílias, num total de visitantes que ultrapassou 1000 (mil) pessoas nos quatro dias de participação. Nessa situação, se a ajuda antes era bem vinda, desta vez ela se tornou indispensável. Não só o revezamento nas tarefas agora era importante, mas a sua execução permanente, por vezes, no caso de leitura/contação, por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Estes estudantes, professores e pais não vinham apenas em busca de lazer e leitura, mas vinham olhar, experimentar, ouvir, falar, brincar, utilizando o espaço de maneira completa e fazendo dele um novo parceiro. Assim, se já buscávamos colocar o livro como protagonista do Projeto, como interlocutor de outros protagonistas de carne e osso, desta vez tivemos o espaço como protagonista. A experiência de passar o dia inteiro em uma grande área gramada nos fez preocupar com a posição do disco solar e o jogo de luz e sombra da natureza. Movemos uma das tendas para uma posição ideal, e periodicamente as esteiras e o nosso encerado, adquirido a algum tempo e inaugurado na Semana; também contamos histórias em diversos pontos do gramado, para um público numericamente variável – desde dois ou três meninos até duas turmas inteiras – e em diferentes atitudes, conforme a necessidade: sentados no gramado, usando o puff, o baú, uma cadeira, de pé.
Podemos dizer também que em nenhuma outra ocasião sentimos tanto a necessidade de uma tenda. As tendas fornecidas pelo SESC foram de importância fundamental nessa semana tão ensolarada e quente.
Também em nenhuma outra ocasião nosso material sofreu tanto desgaste: muitos prendedores se romperam; pelo menos a metade das esteiras começou a desfiar ou piorou o seu estado que já não era perfeito; no jogo das amarras para cobrir espaços, usamos mais um varal novo e os antigos sofreram desgaste ou precisaram ser cortados aqui e ali; nosso querido e pioneiro bauzinho de vime também começou a se romper, devido ao peso e à constante movimentação; os banners foram bastante exigidos devido ao vento e às constantes amarrações e um deles rompeu o cordão.
Porém, o que mais sofreu foram os livros. Algumas revistas em quadrinhos – os quadrinhos são naturalmente mais frágeis – se perderam; alguns livros perderam páginas internas e tivemos que retirá-los do espaço; o calor do sol e a exposição nos varais endureceu e empenou outros; a aparência de novo de alguns títulos desapareceu. Em suma, pelo menos 30% do acervo tiveram algum tipo de prejuízo durante o evento.
Algo que já vínhamos percebendo a algum tempo se confirmou durante a Semana Literária: os gastos com alimentação e combustível são os principais gastos do Projeto, devido à grande quantidade de compromissos externos – tempo que passamos fora de nossa residência sem que possamos preparar lá o alimento. O tempo gasto com a promoção do “Soprando Histórias” e com a divulgação do evento, além da saída para compras de material consome boa parte de nosso tempo residual – aquele tempo deduzido de nossas obrigações de trabalho, domésticas e escolares, e que pode em parte ser dedicado ao Projeto. Também é preciso acrescentar a esses gastos as despesas com telefone, por conta dos contatos constantes e necessários com colaboradores e convidados, entre outras necessidades. No caso específico da Semana Literária, devido aos trabalhos desenvolvidos durante todo o dia e sua preparação na semana anterior, podemos dizer que lançamos mão de todo esse espectro de gastos, com destaque para os dois primeiros acima citados. Esses gastos, evidentemente, deverão ter atenção especial em eventos futuros do mesmo tipo e também nas nossas preocupações cotidianas.
Do ponto de vista dos objetivos e do espírito do Projeto, o resultado foi altamente positivo. A cultura da leitura, do ponto de vista da liberdade da leitura, do contato com o livro e das possibilidades de interação, saiu beneficiada do evento. O trabalho de contação/leitura foi intenso e proveitoso, a apresentação e sugestão de títulos e autores atingiu estudantes e professores, pais e filhos, crianças e adultos, visitantes e funcionários do SESC.
Em termos de registro, nunca usamos tanto o caderno de registros e fizemos o maior registro fotográfico do Projeto até agora. Os contatos com pessoas e instituições também foi importante, servindo à divulgação do Projeto. O sucesso, portanto, em termos de atendimento ao público e de aprendizado e formação, tanto para o público quanto para nós, foi indiscutível. Saímos do evento plenamente satisfeitos. Quem sabe mais o ano que vem?
Nosso agradecimento ao SESC pela sessão do espaço e por nos ajudar a divulgar o Projeto. Um abraço especial a Laíde e Josimar e até o próximo Leituras ao Vento.
Projeto Leituras ao Vento
27 Relatório do dia 15/09/2011
SEMANA LITERÁRIA DO SESC-MARINGÁ
Terceiro dia na Semana Literária do SESC, mais um dia de sol intenso e da companhia de Marcelo, Daniela e também Michel, já sem tantos compromissos e nos ajudando no espaço. Desta vez não precisamos mexer na posição das tendas, e apenas mudamos a posição do encerado no período da tarde, conforme a posição do sol.
Tivemos novamente a visita de muitas turmas escolares, perfazendo novamente durante o dia todo mais de trezentas pessoas, devidamente registradas em nosso caderno de registros.
Quero aqui destacar a participação de Michel e Marcelo, que nos ajudaram muito na montagem e desmontagem do espaço, e estiveram conosco todo o tempo, mesmo nos momentos de maior afluxo de público, nos ajudando a ter tempo para lidar com caderno de registro, fotos e atendimento ao público.
Aliás, é preciso citar o incidente com nossa máquina fotográfica. No dia 13 o zoom da máquina emperrou, o obturador não se abriu, enfim, toda essa nomenclatura técnica de que eu obviamente não estou familiarizado mas que significa que ficamos sem o equipamento naquele dia, e tivemos que tirar as fotos usando o meu celular – que, felizmente, tira fotos de excelente qualidade, embora não possua os recursos de zoom ótico que a nossa máquina possui. Pois bem, meu filho Elvis teve a oportunidade de manuseá-la, a nosso pedido, e tentar encontrar uma solução para o problema. Mexe daqui, mexe dali, entregou-a para nós sem ter conseguido encontrar, com sua boa vontade, resposta alguma para os males da máquina. Pois na manhã do dia 15 Marcelo e Maristela foram ver um especialista para tentar resolver finalmente o problema. O técnico um sério profissional de descendência nipônica – como é comum em Maringá, cidade em que os imigrantes japoneses e seus descendentes estão entre os pioneiros da cidade – pegou a máquina, a ligou, manipulou, testou e chegou à conclusão... de que ela não apresentava defeito algum. Marcelo e Maristela ficaram muito surpresos, pegaram a máquina, ligaram, manipularam, testaram... e chegaram a mesma conclusão. Fazer o que? No meio do Tráfego Aéreo costuma-se dizer que isso é “praga de técnico”! Enfim, o técnico – muito sério, não é feiticeiro nem nada – não cobrou pelo atendimento e Maristela e Marcelo foram embora satisfeitos.
Daniele novamente foi destaque, se comportou como uma legítima colaboradora, fazendo todo o trabalho que eu e Maristela já fazemos há tanto tempo com desenvoltura. Sugeriu livros, fez leituras, ajudou no que pôde.
Contamos na quinta-feira com a presença de Robson Tschá Girardello, psicólogo, controlador de vôo e meu amigo pessoal. Robson, tal como Angelita, rápido se integrou ao espírito do Leituras e se tornou um de nossos principais colaboradores. Robson esteve conosco durante todo o dia, fazendo todo o trabalho, tal qual Daniela. Aliás, é preciso dizer que na hora do almoço Robson se tornou o próprio Projeto, já que o deixamos sozinho no espaço e... bem, atrasamos um pouquinho pra voltar, e quando chegamos o rapaz estava lidando com uns cinqüenta meninos! Foi mal... Valeu, Robson, muito obrigado pelo respeito e dedicação que tem mostrado pelo nosso trabalho. Esperamos contar com você sempre.
De parte do público, vimos novamente uma ampla participação, seja na intimidade da leitura solitária de corpo estendido na esteira e rosto inserido entre páginas, até brincadeiras de correria pelo espaço com demonstrações explícitas de amizade e companheirismo nos grupinhos de meninos e meninas. Novamente muita leitura em grupo, professoras e mães lendo para suas crianças.
Desta vez conseguimos interceptar a professora que acompanhava a turma de alunos especiais ainda no início da manhã, e conseguimos que eles fossem ao nosso espaço depois de passar pelas outras atrações da Semana Literária. Eles se sentaram no gramado próximo da Colombo e lá eu pude ler uma história para eles. Escolhi “O homem que amava caixas”, uma das minhas preferidas, que já estava sendo folheada por um deles. Eles ouviram com muita atenção, curiosidade, encantamento, alegria. Foi um dos melhores momentos da Semana Literária. Adorei.
Num segundo momento tive oportunidade de contar para um grupo grande de meninos – duas turmas, talvez – uma outra história que gosto muito, e que por acaso é a que eu mais conto: “Onde vivem os monstros”, já comentada em relatórios anteriores. A novidade, além da numerosa platéia, foi uma sessão de fotos da qual eu só tomei conhecimento muito depois da data deste evento que ora relato, feita por Maristela, e que cobre todos os momentos da minha leitura, com direito a gestos, feições, trejeitos e participação do público. Legal.
Nesse clima de descontração e trabalho terminamos o terceiro dia.
Projeto Leituras ao Vento
26° Relatório do dia 13/09/2011
É o nosso segundo dia na Semana Literária do SESC. Estamos contentes, pois hoje estarão conosco Marcelo, que é irmão de Maristela, e mais dois amigos. Vieram de São Carlos,SP, onde Marcelo se formou em Engenharia Civil e onde desenvolve atividades em uma entidade ligada ao à Igreja Católica. Seus amigos são Daniela, estudante de Pedagogia da UFSCAR, e Michel, fisioterapeuta, que procura oportunidades profissionais fora de São Paulo.
Na semana que passou uma de nossas preocupações foi exatamente a procura de pessoas que pudessem nos ajudar a fazer nosso trabalho. Não é fácil, visto que o evento do SESC acontece durante a semana e a atuação do Leituras dentro do evento é durante o dia. Mas conseguimos três nomes que se comprometeram, na medida do possível, a estar conosco em algum momento da nossa semana: Geni, coordenadora do Clube de Leitura Maringá, da qual eu e Maristela fazemos parte; Robson, psicólogo e controlador de vôo, que já participou como leitor convidado no “Soprando Histórias”, e Angelita, que esteve conosco no primeiro dia. Assim, felizmente, depois de muita preocupação em conseguir pessoas para nos ajudar, começamos a terça-feira com Angelita e dois de nossos visitantes de São Carlos – Michel ocupava-se de seus compromissos nesse primeiro dia – além de eu mesmo e Maristela.
Desta vez, em primeiro lugar, fizemos as adaptações no nosso espaço que foram pensadas com base na experiência do dia anterior. Reposicionamos a nossa tenda norte para mais próximo do prédio do SESC e dois de nossos banners colocamos voltados para a rua: um para a Avenida Paraná e outro para a Avenida Colombo. Também trouxemos nosso encerado, estendendo-o paralelo à Avenida Paraná, pensando em deslocá-lo no período da tarde para o gramado em frente à Avenida Colombo. Aproveitamos também a sombra de um grande painel do SESC colocado na lateral entre as duas avenidas, que se projetava sobre o centro do gramado em frente à escolinha do SESC. Depois de pendurados os livros nos varais e distribuídas as esteiras o espaço ficou uniformemente ocupado e muito simpático, com o colorido dos livros e esteiras e os bauzinhos abertos estrategicamente colocados: o de vime no pé de uma tenda, outro sobre o encerado e outro sobre a sombra do painel.
O atendimento ao público neste segundo dia não foi diferente do primeiro dia. As primeiras turmas não foram até o espaço do Leituras: foram direto para a contação de história no teatro e para as outras atividades internas. Algumas dessas turmas, depois dessas atividades, foram direto para seus ônibus e encerraram a sua visita, não passando no espaço do Leituras. Uma pena.
Mas à medida que outras turmas foram chegando começaram a afluir turmas para o nosso espaço, e numa quantidade e velocidade tão grandes quanto no primeiro dia. Novamente estiveram no nosso espaço turmas de Maringá e região, desde alunos da pré-escola até adolescentes.
Com tanta gente para ajudar foi mais fácil dividir as tarefas e fazer revezamento. Angelita continuou, pela manhã, sua abordagem simpática e segura, como já é sua marca no Leituras; Marcelo ajudou muito com a disponibilização do material e seu reordenamento no espaço, à medida que as turminhas iam, em suas atividades, espalhando o material; Daniela estreou no Leituras de maneira arrojada: recebeu, distribuiu livros, e até contou história; Maristela ficou livre para distribuir o caderno de registros e ajudar na organização; eu pude dar uma atenção maior à máquina fotográfica, e tirei muitas fotos, além de também contar histórias.
Novamente o afluxo de turmas escolares foi muito grande, e chegamos a atender mais de 360 pessoas – entre alunos, professores e também visitantes isolados e funcionários do SESC.
Também nesse segundo dia tivemos oportunidade de ver professoras lendo para suas turmas. A maioria dos alunos estava bem à vontade no espaço, alguns, à medida que procurávamos ângulos para tirar as fotos, se juntavam para poses coletivas. Outros nos pediram para tirar fotos com eles, e nos rodearam e abraçaram com muito carinho. Nas fotos é possível ver muitas crianças manuseando livros nos varais. Também os bauzinhos foram bem explorados, assim como foram bem utilizados os livros que foram deixados por nós nas esteiras. Foi observado muita leitura em grupo – a presença de colegas de turma parece estimular a troca de experiências – e belas poses de pura introspecção de crianças sentadas ou acomodadas confortavelmente em nichos de sombra, folheando atentamente seus livros. Todos os espaços foram utilizados: as esteiras, o encerado, o puff. Além da introspecção e do diálogo alegre e cheio de curiosidade, também muito riso e brincadeiras, com e sem a mediação do livro. Com tanta gente, fica difícil identificar uma preferência. Aparentemente todos os temas foram contemplados nas escolhas das crianças, a julgar pelo que é possível ver nas fotos: histórias em quadrinhos, diferentes formatos, livros com ilustrações coloridas.
No final do dia observamos uma turma de alunos especiais que, infelizmente, não passou pelo nosso espaço, nem na entrada do evento nem na saída. Ficou acertado entre nós que, se outra turma especial aparecesse na quinta-feira pediríamos às funcionárias do SESC que os convidassem a nos visitar.
Assim, depois de um intenso trabalho, concluímos o nosso segundo dia na Semana Literária.
Projeto Leituras ao Vento
25° Relatório do dia 12/09/2011
SEMANA LITERÁRIA DO SESC-MARINGÁ
SEMANA LITERÁRIA DO SESC-MARINGÁ
Primeiro dia de nossa participação na Semana Literária do SESC/Maringá. Podemos dizer que trilhamos um longo caminho até chegar no gramado entre a Paraná e a Colombo, que vai desde o convite do SESC até o dia de hoje.
Há dois meses atrás éramos já um Projeto promissor, mas um pouco menor do que somos hoje. De lá para cá, estivemos outras vezes na Praça da Catedral, fomos ao Educriança e participamos do Paraná em Ação representando o PCA. Adquirimos mais alguns livros e recebemos doações de outros, adquirimos mais varais e prendedores, adquirimos mais um bauzinho e, principalmente, pessoas que amam a leitura como nós estiveram do nosso lado nos ajudando.
Conseguimos apoio de empresas da cidade para fazer banners e camisetas para a Semana Literária; alguns amigos cerraram fileira conosco e se prontificaram a estar presentes trabalhando junto conosco, recebendo as pessoas, contando histórias, sugerindo leituras, em suma, cumprindo a missão e o objetivo do Projeto.
O tempo foi curto, houve algum atropelo e precisamos de muita determinação para organizar nossa rotina e abrir caminho para o descanso necessário para executar tantas tarefas. O meu trabalho remunerado, em turnos e por isso executado em horários não convencionais – o que pode ser uma grande vantagem ou um grande empecilho; a necessidade, compartilhada com Maristela e Adah, de manter a casa em ordem; a dedicação de Maristela ao blog – divulgação, programação cultural, serviços de utilidade pública; nossa participação num grupo de estudos de mestrado e no Projeto Brincadeiras, do PCA da UEM; nossa participação no Clube de Leitura Maringá, da Biblioteca Pública, com sua reunião mensal, suas leituras, seus encontros que combinam lazer e debate; nosso lazer estrangulado entre as obrigações da semana, disputando momentos em uma agenda cheia.
Por isso nos consideramos vitoriosos ao chegar nesse gramado esquina de duas avenidas movimentadas. Porque Sabíamos que nos havíamos tornado mais fortes no caminho, e que não estaríamos sozinhos em nosso intento de transformar esse espaço de natureza em frente ao asfalto em uma ilha de paz e boa leitura.
Para o primeiro dia conseguimos a ajuda de uma de nossas primeiras colaboradoras e grande amiga: Angelita. Angelita esteve conosco durante toda a manhã e boa parte da tarde. Muito temos para agradecê-la, por acreditar no Projeto e por encarnar tão bem o seu espírito. Veio acompanhada de seus filhos Pedro e Lucas, um espetáculo de alegria a parte, dois irmãos de 10 e 12 anos que se amam da maneira ruidosa que dois meninos com toda energia da juventude podem se amar.
Adah, cumprindo obrigações escolares, não pode estar conosco nos primeiros dois dias, estando sua participação programada para a quinta-feira.
O SESC disponibilizou para o Projeto duas tendas portáteis, em metal e teto azul, 3x3 m, uma área suficiente para garantirmos um pouco de sombra e espaço para várias esteiras o dia todo. Recebemos as tendas já montadas e nesse primeiro dia a instalamos próximo à cerca que dá para a calçada da Avenida Paraná, alinhadas com a avenida. Verificamos no decorrer do dia que não era uma posição ideal para o período da tarde. Com o deslocamento da posição do sol, a área sombreada minguava rapidamente, obrigando-nos a recuar constantemente as esteiras. Essa dificuldade nos fez pensar em uma nova posição para a tenda localizada mais ao norte, a ser implementada no dia seguinte: nós a deslocamos mais para oeste, ou seja, um pouco a frente da outra tenda, de forma a produzir sombra nessa nova posição e ainda auxiliar na manutenção da sombra na área onde estava instalada a outra barraca.
Também observamos que as árvores localizadas na calçada da Avenida Colombo produziam uma extensa sombra no período da tarde, e aproveitamos para estender algumas esteiras também por ali.
Recebemos ao longo do dia a visita de turmas de crianças das escolas de Maringá e região, algumas até três turmas simultaneamente. Percebemos na prática que nossa dúzia de esteiras – algumas já desfiando devido ao uso constante – era insuficiente, mas conseguimos junto às coordenadoras do SESC uma manta de TNT, colocada no gramado junto à Colombo e que se mostrou capaz de abrigar até uma turminha inteira de pré-escola. Para o segundo dia programamos trazer um encerado azul comprado já a algum tempo para o Projeto, para ser usada na Praça em dias em que fosse necessário proteger nossos convidados e material da umidade do gramado em dias em que lá estivéssemos após uma chuva, mas que ainda não havia sido usado por falta de tal oportunidade.
Para esticar os varais utilizamos suportes de divulgação, um mastro de bandeira, as barracas, e até uma palmeira baixa e espinhenta, bastante robusta, que nos serviu maravilhosamente. Esticamos todos os nossos varais de nylon, e ainda abrimos um novo, totalizando pelo menos uns 30 metros de fios. Penduramos a maior parte do nosso acervo, mas ainda conseguimos reservar livros para os três bauzinhos e para colocar sobre as esteiras, para torná-las atrativas e para fixá-las ante a força do vento.
Para o evento dispúnhamos de quatro banners: dois com o logotipo do Leituras ao Vento e dois banners com fotos de nossos momentos na Praça. Instalamos nesse primeiro dia todos os banners na área das tendas. Um com o logotipo na face sul da tenda sul, voltado para a entrada do SESC, onde poderia ser avistado pelos que chegavam ao evento; o outro com o logotipo fechando o espaço da tenda norte, voltado para dentro do espaço das tendas; os dois banners de fotos instalamos na face leste das tendas – o lado da Avenida Paraná – voltado também para dentro. O SESC forneceu presilhas de plástico para fixar os banners, o que tornou o trabalho bem mais fácil.
Na hora do almoço, com a interrupção das visitas das escolas, todos saíram para almoçar, restando apenas eu para tomar conta do espaço e aguardar, se preciso, a primeira leva de crianças, caso algum imprevisto atrasasse o almoço dos outros colaboradores. Alguns funcionários e coordenadores do SESC aproveitaram o horário do almoço para relaxar em nosso espaço, e de quebra aproveitar o acervo. Muitos transeuntes –acredito que a maioria alunos da UEM – atravessavam a Colombo vindo dos lados da universidade para subir a Paraná. Olhavam curiosos o nosso espaço. Nesse momento percebi que deveríamos ter colocado um dos nossos banners com o nome do Projeto voltado para a avenida, para que essa pessoas pudessem saber do que se tratava. Fizemos essa modificação no período da tarde, logo depois que Maristela voltou do almoço.
A dinâmica de atendimento ao público apresentou algumas características interessantes. Em primeiro lugar, não tínhamos horário programado com os visitantes, mas nos colocávamos no espaço como o fazíamos na Praça: a disposição do público, aguardando a disponibilidade das professoras em trazer as turmas até nós. As coordenadoras do SESC as encaminhavam para nós, embora às vezes as turmas, principalmente as primeiras turmas do dia e da tarde, chegavam em cima da hora das outras atividades, estas sim programadas com horário, como o as contações de história no teatro e na biblioteca. Com a extensa programação, que incluía a Mostra Saint-Exupéry, com atrações em homenagem à sua obra consagrada, “O Pequeno Príncipe”, as turmas acabavam indo embora sem nos visitar, ou ficavam conosco por um tempo que variava entre 10 minutos e meia hora, quando muito.
Evidentemente compreendemos as peculiaridades de um evento complexo como esse, e podemos dizer mesmo que ficamos imensamente satisfeitos com o público que nos visitou, tanto em quantidade quanto em variedade. No primeiro dia registramos em nosso caderno de registros a visita de mais de 360 pessoas, a maioria alunos e diferentes idades, desde meninos e meninas da pré-escola até adolescentes. Também nos visitaram um número expressivo de professoras, que estiveram presentes acompanhando as suas turmas, e um número menor de pais acompanhados dos filhos, além de funcionários do SESC. Esse primeiro dia nos deu a idéia e a dimensão do público que nos visitaria na terça-feira e na quinta-feira, dias combinados com o SESC para a nossa presença no evento.
As crianças em nosso espaço nos proporcionaram uma experiência ainda não vivida pelo Projeto: as turminhas simplesmente tomavam o espaço do Projeto, ocupando todos as esteiras, explorando os baús várias ao mesmo tempo, retirando rapidamente os livros dos varais, trocando tudo de lugar e adotando as mais diferentes estratégias de leitura: leitura solitária, leitura em grupo, leitura compartilhada. Chamavam a atenção uns dos outros para os títulos que achavam, pegavam às vezes vários livros ao mesmo tempo, disputavam ferozmente um título de vez em quando.
Conseguimos captar em foto as gargalhadas de uma menina, divertida com a ilustração do rei nu em “Os novos trajes do imperador”, livro já lido no “Soprando Histórias” e já comentado em relatório anterior. A alegre menininha não resistiu a ir mostrar a ilustração, com certeza bizarra para ela, a vários coleguinhas. Também observamos nesse primeiro dia professoras lendo para seus interessadíssimos alunos, o que muito nos alegrou.
Maristela queria que eu tirasse foto com algumas alunas. Virou uma festa: eu fui rodeado por meia dúzia de pessoinhas bem carinhosas, dispostas a sair na foto comigo.
Contamos histórias algumas vezes, embora ficasse difícil monitorar quem estava contando e o que, já que nos ocupávamos de múltiplas tarefas durante o curto espaço em que ficávamos com cada leva de crianças. Mesmo assim, ficou registrado o momento em que eu lia para um grupinho “Onde vivem os monstros”, livro também já comentado em relatório.
Algumas crianças nos pediram para ler um ou vários livros, e toda vez que perguntávamos se queriam ouvir uma história se ouvia uma entusiasmada resposta afirmativa.
Observamos, quanto ao comportamento das crianças, o que as suas educadoras já devem a muito saber: as menores, principalmente as da pré-escola, que chegam em fila e agarradas umas as outras pela camisa, são as mais ordeiras e silenciosas. A primeira turminha da pré-escola que lá esteve sentou-se ordeiramente, umas atrás das outras, sobre a manta de TNT, e só se mexeram quando fomos lá entregar, uma a uma, um livro; já as que estão na faixa de 7 a 9 anos são bastante conversadeiras, participando bastante das contações, parando a leitura para introduzir detalhes e relatos pessoais a partir de elementos da história; as crianças acima desta faixa etária são um pouco mais dispersas, lêem bastante também, mas aproveitam mais o espaço com outras atividades lúdicas, como brincar de pega-pega, simular lutas, ou simplesmente conversar; os adolescentes, que apareceram muito esporadicamente e em menor número, são os mais compenetrados na leitura.
Após as 16:30h não chegaram mais turmas ao evento e começamos a recolher o material. Combinamos com o SESC de deixar o material guardado na biblioteca, já que retornaríamos no dia seguinte pela manhã. Ficou no espaço apenas os varais esticados e as barracas fornecidas pelo SESC. Encerramos às 17:00h sentindo um gosto de triunfo.
Projeto Leituras ao Vento
24° Relatório do dia 11/09/2011
SOPRANDO HISTÓRIAS COM PAULO LOPES
Depois de uma primeira experiência frustrada pelo mau tempo, a algumas semanas atrás, conseguimos neste final de semana trazer novamente ao Leituras o Professor Paulo Lopes, regente de corais da UEM, para participar do “Soprando Histórias”.
Nos atrasamos um pouco, chegando à Praça perto das 15:30h. Reflexos do meu trabalho – trabalhei no turno da manhã, chegando em casa após as 13:00h – e da rotina do próprio Projeto, que fez com que Maristela também dormisse tarde e tivesse aproveitado menos a manhã. Assim, nos atrapalhamos um pouco no preparo do almoço e na seleção dos materiais para o Projeto.
O tempo desta vez estava maravilhoso. Muito sol, a praça repleta. Adah desta vez nos acompanhou, o que permitiu que armássemos logo o nosso cenário, esticando os varais, pendurando os livros, estendendo as esteiras, abrindo à curiosidade das crianças os nossos bauzinhos.
Temos percebido, nas últimas semanas, algo que possivelmente tenha haver, pelo menos em parte, com o Leituras. Dificilmente encontramos o nosso espaço como o encontrávamos no início do Projeto: vazio. O que vemos agora são famílias, grupos de jovens, casais de namorados e crianças brincando em nosso espaço. Algumas vezes acontece, como neste domingo, de um desses casais se acomodar embaixo de uma de “nossas” árvores. “Nossas” com aspas mesmo, já que não possuímos árvore nenhuma. Pertencendo as árvores à natureza, à Praça e, consequentemente, a todos os seus freqüentadores, não tivemos outra alternativa que, saudavelmente, negociar com o casal, que amavelmente não se opôs a que esticássemos o varal por ali, embora permanecessem no local.
O mais interessante, no entanto, o aspecto mais positivo, é a possibilidade sugerida por essa constatação – da ocupação de um espaço antes vazio – de ativar, via uma manifestação cultural adequada, um espaço para a socialização, fazendo-o referência, ou seja, um local onde as pessoas sabem que podem ir por ser agradável e porque outras pessoas vão.
O professor Paulo chegou logo, acompanhado de sua esposa, nos ajudou com os varais e ficou aproveitando o nosso acervo enquanto terminávamos os preparativos e recebíamos os visitantes.
Nossa divulgação terminou às 16:15h, devido aos atrasos que mencionei. Aproveitei também para informar as pessoas sobre a Semana Literária do SESC, e da participação do Leituras nesse evento. Curiosamente, não encontrei ninguém, entre os cerca de 35 grupos de pessoas que abordei, que soubesse algo sobre esse evento tão importante. Sei, pela quantidade de folders que foram distribuídos pelo SESC e pelas chamadas na tevê e nos jornais, que o evento foi bem divulgado – embora talvez não no formato que gostaríamos que ele fosse. De qualquer forma, foi surpreendente ver que as pessoas não sabiam sequer do que se tratava, e que uma parte delas não sabia mesmo onde era o SESC. Penso que é preciso repensar, em quantidade e qualidade, a divulgação de eventos tão importantes como esse. Talvez seja uma questão de prioridade de política cultural, que é um dos sérios problemas que existem em nosso país.
Quando retornei o público já estava presente, e cinco minutos depois fizemos a chamada às pessoas próximas para o “Soprando Histórias”. As pessoas se reuniram em torno do Professor Paulo, sentado em nosso puff, e então iniciamos.
A história contada pelo professor Paulo foi “Pedro e o lobo”, história que nasceu como uma sinfonia de Prokofiev, criada com a intenção pedagógica de apresentar instrumentos musicais de uma orquestra às crianças de forma lúdica. Essa história depois ganhou várias versões escritas em forma de história infantil. A edição utilizada, da editora Ática, tem a história recontada com competência por Heloisa Prieto com ilustrações primorosas de Gusti A. Rosemffet.
Existe ainda uma fábula de Esopo, chamada “O pequeno pastor e o lobo”, conhecida também por “Pedro e o Lobo”, bem diversa da história narrada por Prokofiev, e que fala sobre a mentira. Na fábula, o pequeno pastor resolve pregar uma peça nos aldeões lançando um alerta sobre um suposto lobo que estaria prestes a atacar o rebanho da aldeia. Depois de provocar várias correrias na aldeia pela repetição da mesma mentira, o pequeno pastor tem o seu próprio rebanho atacado pelo lobo. Ao pedir ajuda na aldeia ninguém o acode, pois o menino perdera a credibilidade. Cheguei a detectar, em minha pesquisa na Internet, confusão entre a fábula e a história-sinfonia, e até uma combinação proposital em uma adaptação teatral para crianças.
Na história de Prokofiev não aparece a mentira, mas a desobediência infantil do menino Pedro à ordem de seu avô de não sair de casa para brincar na floresta. Pedro, ávido de liberdade e de encontrar o seu amigo Passarinho, foge da vigilância do avô e parte, seguido sem o saber por sua amiga Pata, aproveita o descuido do menino, que havia deixado o portão de casa aberto. No caminho Pata e Passarinho se envolvem em uma disputa e chamam a atenção do Gato, que espreita faminto as duas aves. Pedro os alerta e protege, mas em seguida chega o Lobo. O Lobo consegue engolir a Pata e ameaça o Gato e o Passarinho – este desesperado entre as duas ameaças. O avô chega e salva Pedro, levando-o para casa. Pedro, no entanto, observa a cena aterradora que ocorre bem próxima do muro de sua casa. Pedro resolve subir no muro e dele pular para a árvore onde estão encurralados o Gato e o Passarinho. Com o auxílio do Passarinho – que distrai o Lobo com vôos rasantes – Pedro consegue laçar o rabo do Lobo e prendê-lo à árvore. Com a chegada de caçadores armados, que atiram no Lobo, Pedro mais uma vez intervêm, para poupar a vida do animal, que é levado por todos triunfalmente para o zoológico. Pedro não escapa, porém, de uma bronca do avô, que lhe alerta sobre o destino do qual se salvou: ser engolido pelo Lobo. Enquanto isso a Pata tagarela de dentro da barriga do Lobo.
A coragem do menino Pedro, seu amor aos seus amigos, seu amor pela liberdade, em suma, a personalidade viva, alegre e positiva do menino, em contraposição aos perigos que espreitam a inocência nesse mundo formam o eixo central da história. O tema da desobediência alerta sobre os limites necessários à liberdade e o final politicamente correto é uma declaração de amor e respeito à natureza e aos animais.
O professor Paulo contou a história entremeando-a com explicações sobre a obra de Prokofiev, chamando a atenção para o instrumento que representava cada personagem, ligando as características de cada instrumento com a carga dramática característica de cada personagem. Após receber os aplausos por tão bela história o professor Paulo convidou os presentes para uma brincadeira bem interessante: cantar uma parlenda. Fez-se então uma roda com adultos, crianças, homens e mulheres presentes, que combinaram, sob orientação do professor, batidas rítmicas com as rimas próprias de uma parlenda. Foi um momento de descontração e integração, com muitos sorrisos e, ao final, muitos aplausos.
A parlenda em questão se chama “As nove filhas”, e pode ser encontrada no livro “Enquanto o sono não vem”, de José Mauro Brant, com ilustrações de Ana Maria Moura, editora Rocco. Abaixo eu transcrevo um trecho:
Era uma vez uma velha que tinha nove filhas.
Foram todas comer biscoitos.
Deu um tangolonomangolo numa delas
E das nove ficaram oito.
E, daí por diante, as filhas vão uma a uma sucumbindo do mesmo mal misterioso, marcando uma contagem regressiva que auxilia o ritmo das batidas, ativa a memória e faz a todos caminharem pelas rimas divertidas. Existem pequenas variações em versões diversas dessa parlenda, que mantêm, contudo, o mesmo espírito.
Entregamos ao professor o nosso Certificado de Participação e o Título de Leitor Amigo das Crianças e Adolescentes de Maringá e Região. Só podemos mesmo agradecer muito ao professor por ter nos proporcionado diversão e conhecimento, e esperar que ele e sua esposa estejam em breve de volta ao “Soprando Histórias”, e que nos visitem de vez em quando.
Estiveram presentes em nosso espaço as famílias Gilberto, Marquioto, Boccardo, Gusmão, Rosa, entre outros amigos e colaboradores, mais crianças e jovens, motivo principal da nossa existência e do nosso trabalho. Agradecemos a presença e o apoio de todos e as impressões deixadas em nosso caderno de registros. E até o próximo Leituras ao Vento.
Projeto Leituras ao Vento
23 Relatório do dia 4/09/2011
SOPRANDO HISTÓRIAS COM ALEXANDRE ISRAEL-PINTO
A idéia de fazer o Leituras desse final de semana estava centrada em se fazer um leitura direcionada aos jovens. Para isso convidamos nosso amigo Alexandre Israel-Pinto, psicólogo e mestrando da UEM, cuja dissertação trata do problema da relação dos usuários com as drogas.
Pensamos inicialmente em pedir a Alexandre que lesse uma história positiva, que falasse de perseverança e superação, e que permitisse que ele fizesse alguns comentários ao final, senão diretamente tocando no problema das drogas, que ao menos alertasse para a relação dos jovens com a sedução dos prazeres efêmeros, para que refletissem sobre as consequências de decisões difíceis de serem revertidas, senão com muito sofrimento para eles e para os seus.
Porém, como iríamos receber a visita de um grupo de jovens com alguma relação com a literatura, e na expectativa de que nosso público habitual estaria presente, repensamos a idéia, e decidimos por histórias que tivessem um valor literário clássico, como histórias tradicionais ou histórias que tivessem um pouco mais de idas e vindas, contraponto, que falassem um pouco mais sobre cotidiano e convivência.
Assim, sugerimos a Alexandre cinco títulos, dos quais ele poderia escolher uma ou mais histórias, dependendo de sua extensão, e se já não tivesse outra história em mente, é claro: “O milagre de Shiro”, in: “Lendas do Japão”, ilustrações de Edu, Edições Paulinas; “A comédia de erros”, de Shakespeare, adaptado por Mary Lamb, ilustrações de Alicia Cañas Cortázar, tradução de Márcio Godinho de Oliveira e Johnny Mafra, Editora Dimensão; “Muito capeta”, texto e ilustrações de Angela-Lago, Companhia das Letrinhas; “Sete histórias para sacudir o esqueleto”, livro de contos da mesma autora e editora; e “De carta em carta”, de Ana Maria Machado com ilustrações de Nelson Cruz, editora Salamandra.
A escolha de Alexandre não poderia ser melhor e mais surpreendente. Alexandre escolheu um dos contos do livro “Lendas do Japão”, mas não o que havíamos inicialmente sugerido: escolheu “O homem e a montanha”, uma história sobre o destino de cada um de nós, e a aceitação e auto-estima decorrentes desse caminho. Na história, um homem que vive de quebrar pedras observa o mundo e os seres que o rodeiam e os compara com os seus afazeres. Chegando a conclusão de que este ou aquele ser vive um destino melhor que o seu, porque superior, a seus olhos, em poder e força, ele deseja ser o ser que observa, e uma voz misteriosa atende o seu desejo. Num jogo de oposições consecutivas, o homem passa de comerciante a mandarim, e deste a Imperador, e deste ao Sol e as nuvens, terminando por fim por ser uma montanha, forte, poderosa, indestrutível. Descobre, então, que enquanto camponês quebrador de pedras, era o único ser capaz de vencer a montanha. Retorna, então, a sua antiga condição.
É verdade que tal história dá margem a diversas interpretações, algumas que podem alimentar o comodismo e a sujeição; mas é interessante pensar que desperdiçamos, muitas vezes, a força que existe em nós, procurando destinos alternativos induzidos pelo status desta ou daquela posição, ao invés de focar e desenvolver nossos próprios talentos. Nos faz pensar também no fundamento do pensamento holístico: a parte se encontra no todo e o todo, na parte. Nossa importância no universo é maior do que imaginamos. A história também pode aconselhar a ação e a busca do conhecimento, pois foi exatamente as inquietudes e insatisfações do homem que o tornaram, depois de tantas experiências, um sábio. A alusão à voz interior que nos move demonstra isso.
Decidida a história do “Soprando Histórias” optamos por uma estratégia diferente para promover o Leituras no domingo: direcionar nossa divulgação na Praça aos jovens preferencialmente, já que eram eles nossos expectadores privilegiados nesse dia. E foi o que fizemos.
A tarde parecia estar colaborando com nossos objetivos. Um sol forte e muita gente na Praça, a maioria jovens. Estava ocorrendo um evento reunindo caravanas de jovens ligados a grupos católicos, uma espécie de campanha anti-drogas.
Armamos nosso espaço rapidamente, embora eu não estivesse tão inspirado com os varais como em vezes anteriores. Adah não veio, ficou dormindo por conta de uma “festa do pijama” com colegas da escola, ocorrida em nossa casa, e que se estendeu até altas horas da madrugada, com direito a bolo refrigerantes, sucos, docinhos, correria no quintal, brincadeira com bola, guerra de travesseiros e sessão de cinema em DVD com uma hilária comédia de terror. Mas isso é outra história.
Alexandre chegou com sua mulher, Nilda e, enquanto desfilava no espaço o seu bom humor leve e tranqüilo, eu comecei a divulgação. Fiz toda a divulgação nos arredores de nosso espaço, aproveitando os vários grupos de jovens, casais e famílias que nos rodeavam. Distribuí todo o material, falei com muita gente, da mesma forma que faço sempre. Contudo, quando retornei, o nosso público ainda não estava presente. Já passava das 16:00h e eu e Maristela começamos a ficar preocupados com o baixo número de visitantes. Alexandre, bem humorado, nos disse: “Não se preocupem. Eu leio pra vocês”!
Tivemos a maravilhosa visita de João Álvaro, do blog Infância em Pauta, educador social e militante do MNMMR , Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua. Álvaro veio acompanhado de sua mulher, Luciane. Ambos extremamente simpáticos, nos acompanharam durante toda a tarde, apreciando nosso Projeto e conversando sobre crianças e educação.
Também estavam presentes Fah e Luiza, nossas colegas do Projeto Brincadeiras e também militantes do movimento. Fah é mestranda em educação, e sua dissertação fala sobre o valor da opinião e participação política de crianças numa leitura sobre as necessidades de Maringá no apoio a crianças, nas áreas de educação, cultura, segurança, etc. Um abraço a Fah e Luiza, obrigado por sua presença e esperamos que apareçam mais vezes.
Também estava presente Cristina, do Clube de Leitura, pela primeira vez nos visitando no Leituras, atendendo ao nosso convite. Cristina já chegou com pinta de colaboradora: nos ajudou distribuindo o Caderno de Registros e ficou conosco até quase o final. Um abraço para a Cristina, agradecemos sua ajuda e esperamos que sua visita seja a partir de hoje uma constante.
Recebemos também a visita da família Gilberto, amigos de nossa amiga Geni, do Clube de Leitura: Ierecê, Oscar e a menina Raquel de 8 anos. Demoraram um pouco a nos encontrar, mas felizmente puderam estar conosco ainda boa parte do tempo. Conversei com Oscar e Ierecê sobre o Projeto e Oscar nos ajudou, inclusive, a desarmar as cordas para que recolhêssemos o material ao final dos trabalhos. Obrigado, Oscar e Ierecê. Voltem sempre e não se esqueçam de trazer Raquel.
Agradecimentos também às famílias Silva, Serra, Cassemiro e a todos os que estiveram presentes conosco neste domingo.
As 16:30h decidimos não esperar mais e fizemos a chamada para o “Soprando Histórias”. Havia cerca de 15 pessoas presentes, pedimos que se aproximassem e passamos a palavra a Alexandre.
Alexandre fez a leitura com fidelidade ao texto, lenta e calmamente. Ao final, falou sobre a história e sua mensagem, recebendo os aplausos dos presentes. O cuidado e a sensibilidade de Alexandre ao escolher a história surtiu um efeito positivo, causando a narrativa boa impressão no público que o assistia.
Ao final, pedi a Fah e Álvaro que entregassem a Alexandre o nosso Certificado de Participação e o Título de Leitor Amigo das Crianças e Adolescentes da Cidade de Maringá. Foi um fechamento perfeito esta comunhão de várias pessoas muito especiais para nós. Mas dessa vez não foi o final.
Terminada a história, o grupo todo se reuniu em torno de Alexandre para conversar: eu e Maristela, Álvaro e Luciana, Alexandre e Nilda, Cristina, Angelita, Fah e Luiza. Não resisti a pedir para Alexandre que lesse para nós “O milagre de Shiro”, uma linda história sobre a bondade. Alexandre aceitou, e ficamos um pouco mais aproveitando o seu estilo leve de contar, com jeito de quem transmite as palavras direto à consciência. Alexandre ainda nos falou sobre suas viagens com Nilda pelo nordeste e também nos falou sobre o Oriente e suas impressões sobre a vida naquele canto do mundo. Fez o papel, nesta tarde, de um autêntico contador de histórias, com seu público em volta dele como curumins em volta de um velho índio.
Depois que Alexandre se foi tive uma longa conversa com Álvaro sobre educação. Ele ouviu com paciência minhas críticas à educação brasileira e o relato de minhas experiências de professor. Obrigado por me ouvir, amigo Álvaro.
Neste domingo, o principal ensinamento que tivemos foi quanto ao nosso público-alvo da divulgação. O Projeto está direcionado, como já dissemos, às crianças e aos jovens, e a presença e atuação das famílias no Projeto é essencial ao nosso objetivo, que é de resgatar e consolidar uma cultura da leitura. Mas aprendemos hoje que o público-alvo de nossa divulgação é e deve ser as crianças. São elas que pelas mãos dos pais e familiares, chegam ao nosso espaço e o enchem de movimento e alegria, fazendo-o espaço público e atraindo a atenção e a presença também de jovens, de casais e de pessoas que estão simplesmente passeando na Praça, e que se sentem à vontade para se aproximar ao ver o público ali presente, ocupando as esteiras e também inteiramente à vontade. Em outras ocasiões, como na apresentação de Hilda Carr e, mais recentemente, na apresentação do professor Hermínio Neto, os jovens estiveram presentes maciçamente em nosso espaço, sem que, nessas ocasiões, tenhamos mudado o alvo de nossa divulgação.
O encontro desse domingo também foi muito importante em outro aspecto: a presença e a interação entre amigos e colaboradores. Estiveram presentes membros do Clube de Leitura, militantes do MNMMR e do PCA e Projeto Brincadeiras, seus maridos e esposas e suas crianças. Esses momentos são perfeitos por si sós, e ainda ajudam a fortalecer a articulação e a vontade para a luta.
Foi isso. Um abraço a todos e até o próximo Leituras ao Vento.
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