domingo, março 20, 2011

Projeto Leituras ao Vento Relatório 1

Projeto Leituras ao Vento

Relatório do dia 13/03/2011

- Este é o relatório do primeiro dia do Projeto, o que, pelas expectativas geradas, por si só já é significativo.

- Também por ser o primeiro relatório, algumas considerações, que estarão no todo ou em parte no corpo do Projeto escrito, devem ser feitas.

- Em primeiro lugar, é conveniente falar alguma coisa sobre a origem do Projeto. A idéia do Projeto surgiu de um domingo de lazer de uma família dinâmica: Wagner, professor, historiador e especialista em Metodologia do Ensino Superior; Maristela, professora, pedagoga e especialista em Administração Escolar; e Adah Maria, menina “performática”, intelectual segundo ela mesma, de 12 anos, que topa tudo e que faz a Sexta Série (Sétimo Ano) do Ensino Fundamental.

- A ida à praça para leitura e brincadeiras com bola já estava se tornando rotina, quando Maristela lançou o “Por que não?”, eu disse “Eu topo!” e Adah Maria, que não disse nada, durante a semana que se iniciava já começou a ajudar nos preparativos.

- Vínhamos constituindo um acervo de livros infantis que já ultrapassava a primeira centena, por pura paixão , mas também por esse acervo estar conectado a uma série de eventos passados, presentes e até mesmo futuros aos quais estamos ligados. Um deles é o Projeto de Leitura Vila Rica, um projeto de leitura para crianças da nossa rua, ao qual estamos trabalhando. O Projeto Leituras ao Vento foi pensado inicialmente como um “braço externo” do Projeto Vila Rica, um tipo de expansão para além dos limites da nossa vizinhança da oportunidade que queríamos dar a crianças e adolescentes de ter contato com livros e autores infantis e infanto-juvenis, num ambiente de liberdade e autonomia.

- Pensamos num ambiente em que os livros fossem parte principal da decoração, estivessem expostos e sujeitos ao sol da tarde e ao vento como as folhas das árvores, e que a relação deles com as crianças se aproximasse da relação destas com a natureza. Queríamos que as crianças se servissem deles à vontade como quem puxa um fruto maduro de um galho, e que os devolvessem livremente ao seu ambiente como quem, após se deliciar com o fruto, lançasse novamente a semente à terra, com a vantagem de que os deuses da leitura a transformariam novamente, instantaneamente, em uma bênção para outra criança ou jovem – de todas as idades.

- Retiramos do guarda-roupa algo que pudesse ser estendido, adquirimos algumas esteiras de nylon, compramos fios para varais do mesmo material, uma cestinha de vime, grampos de roupa, digitamos em sulfite o nome do Projeto e nos sentimos prontos.  

- E foi assim que pegamos o nosso baú de livros infantis, agregamos mais alguns títulos infanto-juvenis, uma pitada de poesia e outra de histórias em quadrinhos, colocamos no porta-malas do carro e levamos para a Praça da Catedral.

- Ao chegarmos lá já encontramos nossos amigos do Clube de Leitura Maringá, que abraçaram nossa iniciativa desde o início, e estavam lá, alguns com suas crianças, para nos prestigiar, aproveitar nosso acervo, ajudar na divulgação andando pelo espaço da praça despertando leitores. Esperamos, quem sabe, que alguns deles venham, desde já e paulatinamente, a fazer parte efetiva do Projeto, enriquecendo-o com conhecimento e novas ideias.

- Escolhemos o gramado amplo de sua parte de trás, estendemos dois fios de varal entre duas árvores, um lençol e uma colcha para decorar o verde do gramado, espalhamos as esteiras, posicionamos estrategicamente o baú e a cestinha de vime e uma enorme ursa de pelúcia – a Ursolina --  sentada em uma banqueta.

- Então expomos os livros. Pendurados no varal, espalhados sobre a colcha e o lençol, colocados em círculo na cestinha de vime, dentro do baú. E esperamos. Não parados, mas indo aqui e ali conversar com grupos e famílias que vieram à praça em busca de lazer e descanso ao ar livre, como nós fazíamos, falando sobre o Projeto, o acervo, os autores, o nosso sistema simples e – sempre – revolucionário de escolhe-pega- senta onde quiser-lê à vontade, tudo absolutamente sem cerimônia, tendo apenas que “enfrentar” a preocupação dos educadores de, eventualmente, preencher uma ficha com nome, escolaridade e telefone, para que pudéssemos estabelecer um controle mínimo da movimentação do acervo e ir construindo uma ideia do que oferecer para eles nas semanas seguintes.      

- Não tivemos que esperar muito. Na verdade, nosso primeiro leitor, um rapaz de pouco mais de 20 anos, é que já esperava por nós. Sentado à sombra de uma das árvores que serviram de apoio para os varais, pedimos licença para invadir o seu santo espaço de descanso ao vento para estender as nossas Palavras.

- Em brevíssimo espaço de tempo ele já estava de posse de uma revista em quadrinhos, atraído pelo encontro insólito entre o Homem-Aranha e o presidente norte-americano Barack Obama. Leu de cabo a rabo e apanhou outra revista em quadrinhos, desta vez de humor, com a qual se deliciou.

- Em seguida, nossos vizinhos no bairro, que vieram para andar de bicicleta, também nos deram a honra de sua atenção por alguns preciosos minutos, em que mexeram no varal e exploraram o acervo que estava no chão.

- Duas amiguinhas inseparáveis também apareceram, uma delas com uma curiosa predileção por historinhas de terror. Escolheram com liberdade, ficaram receosas – sem se deter – de pisar nos lençóis onde estava a maior parte do acervo, mexeram gostosamente no baú. Um sucesso.

- Um grupinho muito simpático, com um jeito família, escolheu dois livros e foram se sentar um pouco adiante. Levamos até eles uma das esteiras e eles fizeram uma carinhosa seção privada de contação de histórias, com os adultos contando para as crianças.

- Outras crianças, sós ou acompanhadas dos pais, passaram por ali e conferiram nosso trabalho e nosso acervo. Permanecemos ali por cerca de duas horas e depois recolhemos o material, felizes com o prematuro resultado positivo.

- Esse sucesso nos apontou a necessidade de mais esteiras, banquetas, estantes para exposição diferenciada dos livros. Uma parte desse material será levada no próximo encontro.

- Para buscar possíveis parcerias e futuro financiamento para o Projeto, verificamos também a necessidade de acelerar e concluir a escrita do Projeto, o que esperamos fazer antes do terceiro encontro.  


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                                                 Wagner Oliveira Candido - Relator                     

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